Cotidiano

Todas as agências bancárias da Capital são atingidas por greve

A greve dos bancários em Roraima completa três dias e a população começa a sentir os reflexos, pois vários serviços estão paralisados, como o saque sem cartão magnético. Quem não possui cartão para sacar seus rendimentos ou benefícios está sem opção. Todas as agências aderiram ao movimento e somente serviços essenciais foram mantidos, como compensação de cheques e tesouraria. Os trabalhadores pararam no dia 30 passado, por tempo indeterminado, para cobrar reajuste salarial 12,5% reivindicado da Fenaban (Federação Brasileira de Bancos).  
O movimento nas agências bancarias é grande por conta do pagamento dos servidores públicos estaduais, mas muitas pessoas se queixam por não conseguirem realizar outros tipos de serviços. A professora Selma de Souza, 38,   reclama que lei de manter 30% dos funcionários trabalhando não estaria sendo cumprida. “Aquelas pessoas que precisam fazer saques maiores que R$1 mil, que é disponibilizado por dia nos caixas eletrônicos, não estão conseguindo, pois não há trabalhador algum atendendo nos caixas manuais”, disse.
Uma mulher de 83 anos, que tem o filho aposentado por invalidez, beneficiário do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), afirmou que não conseguiu fazer o saque do benefício do filho porque não possui cartão magnético. “É a única renda nos mês que temos para nos manter. Como faremos para nos alimentar e pagar as contas até o fim dessa greve?”, indagou.  
O taxista Williams Martins, 55, explicou que para o setor de comércio e indústria o prejuízo é maior ainda, pois se tiver alguma pendência a ser solucionada com atendente ou gerente não será possível. “Banco fechado gera grandes prejuízos para o comércio. Creio que esse setor, com a greve, é o que fica com maiores problemas”, comentou.
Uma assessora de comunicação, que preferiu ter sua identidade preservada, disse que abriu conta corrente em uma agência bancária há mais de um mês, para receber seu salário, mas seu cartão de saque ainda não está disponível no banco. “Liguei para o Sindicato dos Bancários para saber como poderia proceder com essa situação e me disseram que eu preciso aguardar a greve terminar. Ou seja, eles não tão nem aí, se é mãe ou pai que necessita de seu salário para sustentar sua família”, disse indignada. 
O presidente do Sindicato dos Bancários de Roraima, Adulto Andrade, informou que o movimento grevista vem ganhando força e que, do total de 700 bancários que existem no Estado, 500 estão em greve. “Nossa luta é para conseguir melhores condições de trabalho para assim poder melhor atender a população”, disse ao acrescentar que estão sendo mantidos os 30% exigidos pela legislação dos trabalhadores efetuando os serviços essenciais nas agências.
PROCON – O presidente do Procon (Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor) de Roraima, Pedro Pinto, explicou que os clientes que se sentirem lesados devem primeiro verificar se a empresa credora oferta outra tipo de forma de pagamento, como por internet, lotérica ou Correios. Em caso negativo, o cliente pode pagar as contas ao término da paralisação sem juros ou multa.
Caso a situação seja emergencial, em que o consumidor depende somente do dinheiro que está em sua conta, ele  deve acionar a Justiça por meio de advogado particular ou Defensoria Pública, através de liminar judicial, para conseguir receber seus rendimentos em sua agencia bancária.
Se ainda não for possível o saque por intermédio da Justiça, o cliente deve aguardar o fim da greve e constituir processo por danos materiais e morais contra o banco ou sindicato dos trabalhadores bancários. “Muitas vezes, eu até crítico alguns sindicatos porque escolhem momentos do mês para iniciar a greve em que os consumidores necessitam dos serviços bancários, como em dia de pagamento. Ou seja, eles não prejudicam só o banco, mas também os cidadãos trabalhadores”, destacou. (T.C)