“Insuportável”, “impraticável” e “inseguro”. Foi assim que um servidor da Rodoviária Internacional de Boa Vista descreveu o sentimento diário que tem enquanto desempenha suas funções no local. Na manhã desta sexta-feira, dia 3, um servidor, um funcionário de uma das agências de companhia de viação e um comerciante procuraram a Folha para reivindicar segurança no local.
De acordo com a denúncia, falta uma vigilância constante e ininterrupta da Polícia Militar. “O que queremos é que tenha um posto, uma guarita, um guichê ou uma sala com pelo menos um policial militar trabalhando todos os dias. Por aqui passam milhares de pessoas e precisamos de um ambiente seguro para poder trabalhar em paz. Um dia desses, um venezuelano, num possível acerto de contas, atirou contra um compatriota dele, no interior da Rodoviária. Aquilo deixou todo mundo desesperado porque o tiro não acertou ninguém, mas o susto chegou para todo mundo. Essas coisas não podem acontecer. Já pensou se um inocente é alvejando e morre?”, questionou o servidor, depois de desabafar.
Quem trabalha com comércio também sofre com o sentimento de insegurança. “Estou lá [na Rodoviária] há alguns anos, mas as coisas estão piorando. Por exemplo, antes os venezuelanos brigavam, mas não corriam para dentro da Rodoviária. Agora, as brigas são na frente dos lanches, restaurantes, lojas. Tudo o que encontram pela frente, eles jogam uns nos outros. Quebram cadeiras e mesas durante o tumulto. As brigas são horríveis porque são em bando”, contou a comerciante.
Vídeos de câmeras de segurança, enviados pelos denunciantes à Folha, mostram brigas e, numa delas, o momento em que cadeiras são lançadas contra alguns indivíduos que correm e um grupo maior corre atrás, numa tentativa de alcançar e linchar os sujeitos. As imagens mostram que funcionárias de uma lanchonete ficam sem reação e tentam se esconder e se proteger dentro do espaço reservado para atendimento dos clientes.
Veja vídeo:
O funcionário da agência de uma companhia de viação declarou que o único temor é que o avanço da violência, do lado de fora, algumas vezes termina dentro da Rodoviária. “Brigas do lado de fora da Rodoviária sempre aconteceram entre os venezuelanos, mas, agora, também estão acontecendo dentro do prédio, no ambiente de trabalho de muita gente. Sem segurança é impossível trabalhar em paz. Alguém precisa fazer alguma coisa para garantir que todo mundo que trabalhe e os passageiros estejam resguardados”, cobrou.
A reportagem da Folha entrou em contato com o governo do Estado, responsável pela administração da Rodoviária, que se manifestou por meio da seguinte nota:
A Polícia Militar de Roraima esclarece que o policiamento no entorno da Rodoviária Internacional de Boa Vista é feito diariamente por meio de ronda policial em todo o Bairro 13 de setembro. Pelo fato de haver um abrigo de imigrantes no local, a segurança deve ser conduzida também pela Força Nacional e Exército, que fazem o controle de pessoas que acessam o ambiente e coíbem possíveis delitos.