Cotidiano

Transferência de venezuelanos é adiada pelo Governo Federal

Planos tiveram de ser adiados em razão da regularização dos venezuelanos no Brasil e para a conclusão da vacinação dos refugiados.

A transferência de 530 venezuelanos abrigados em Boa Vista (RR) para as cidades de São Paulo e Manaus (AM), que ocorreria na próxima semana, foi adiada em 40 dias e deve começar na primeira quinzena de abril. A informação é da Casa Civil da Presidência da República, que está coordenando a interiorização de venezuelanos no país.

Os planos tiveram de ser adiados em razão da regularização dos venezuelanos no Brasil e para a conclusão da vacinação dos refugiados. A previsão inicial era de que as viagens, que serão realizadas em aviões da Força Aérea Brasileira, começariam em 7 de março. A governadora Suely Campos (PP-RR) chegou a afirmar na sexta-feira (23) que o primeiro avião decolaria nesta terça (27).

“Os migrantes vão começar a ser deslocados em cerca de 40 dias, após concluídas etapas de imunização e regularização migratória, além de obtenção de carteira de trabalho”, informou a Casa Civil.

Estimativas da Polícia Federal indicam que 800 venezuelanos cruzam diariamente a fronteira com o Brasil em Pacaraima, cidade a 200 km de Boa Vista.. A capital de Roraima tem hoje mais de 40 mil venezuelanos em abrigos improvisados ou ruas e praças da cidade.

A procuradora do Trabalho da 11ª Região no Estado de Roraima, Priscila Moreto, disse em audiência no Senado desta terça (27) que os venezuelanos estão sofrendo violações de direitos humanos em razão da situação precária em Boa Vista. Ela relatou casos de trabalho análogo à escravidão, discriminação salarial, mendicância de crianças em semáforos e abuso sexual de mulheres contratadas como domésticas, além de prostituição.

Vacinação de venezuelanos

No último sábado (24), a Acnur Brasil (Agência da ONU para Refugiados) e a prefeitura de Boa Vista realizaram uma campanha de vacinação contra sarampo e febre amarela, além de checagem de documentos, com os venezuelanos abrigados no bairro Tancredo Neves. Mais de 300 pessoas foram atendidas, mas a campanha irá prosseguir nas próximas semanas.

A preocupação é principalmente com a disseminação do sarampo, já que o Brasil é considerado pela OPAS (Organização Panamericana de Saúde) como território livre da doença. Até o momento, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), do Rio de Janeiro, confirmou o sarampo em seis crianças venezuelanas. A Secretaria de Saúde de Roraima (Sesau) afirmou nesta quarta (28) que há outros doze casos suspeitos sendo analisados.

Para serem transferidos para outros Estados, os venezuelanos precisam ser vacinados contra a febre amarela e o sarampo, entrar com pedido de refúgio junto à Polícia Federal, estarem com a carteira de trabalho e manifestarem expressamente a vontade de deixar Roraima.

Os nomes dos interessados estão sendo coletados pela Acnur Brasil, que irá repassar as informações para a Casa Civil. Segundo o ministério, a prioridade é deslocar quem tem “um perfil com maior empregabilidade: homens jovens e sem filhos”.

O porta-voz da Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho, afirmou que continua apoiando o processo de interiorização dos venezuelanos que manifestarem interesse em migrar e afirmou que os prazos são responsabilidade do governo federal.