Dezenas de veículos utilizados para o transporte de alunos de escolas estaduais estão paralisados na Praça do Centro Cívico. São ônibus, micro-ônibus, vans e caminhonetes estacionados nas proximidades do Palácio Senador Hélio Campos, aguardando o pagamento das empresas terceirizadas. Os empresários dizem que não recebem há nove meses.
Com exceção do presidente da Cooperativa dos Transportadores Escolares de Roraima, Márcio André, todos os motoristas optaram por não ser identificados, com medo de represálias. Além dos próprios empresários, funcionários participam do ato e pretendem ficar alocados no Centro Cívico até receberem seus pagamentos em dia.
“Se a governadora resolver nosso problema até novembro, ainda dá tempo de os alunos concluírem o ano letivo, mesmo que leve até fevereiro. Entretanto, se não recebermos a atenção que precisamos, tomaremos medidas extremas. Nem que tenhamos que queimar os transportes sucateados ou bloquear ruas. Sabemos que haverá represálias, mas não podemos ficar quietos”, comentou um dos empresários.
Um microempresário ligado à cooperativa comentou com a equipe de reportagem da Folha que a meta é concentrar o máximo possível de transportes na região. A estimativa é que chegue a 500 o número de veículos nos arredores do Palácio do Governo.
“Antes a nossa meta era concentrar 200 veículos aqui. Agora queremos 500. Estamos trazendo o máximo possível deles para cá, dentro do que ainda temos condições. Nós não iremos para sessão da Assembleia nem nada do tipo, pois nosso problema é diretamente com a governadora. Queremos lembrar ela e toda a população de nosso problema, e que milhares de crianças estão sem condições de ir para escola por pura falta de gasolina e manutenção”, comentou.
Márcio André afirmou que os empresários estão conseguindo se sustentar durante estes meses por meio de venda de terrenos, casas e empréstimos. “Tudo isso vem virando uma bola de neve para nós. Estamos endividados, assim como o próprio Estado. Mas estamos nessa situação por causa do governo, por isso viemos cobrar”, afirmou.
Outro empresário comentou que é triste ter que paralisar todas as atividades, criando grandes desafios e prejuízos para alunos que dependem do transporte para não andarem quilômetros até o colégio. Ele ressaltou que todos tentaram manter o transporte até que não fosse mais possível pagar gasolina, transporte e motoristas.
“Tem um vídeo que compartilhamos entre nós, e me impacta bastante, de uma garotinha em Iracema dizendo que quer ser policial militar, e que para isso precisa estar na escola, mas por falta de transporte já está há semanas sem ir. Aguentamos o máximo que podíamos com nossos serviços por causa de crianças como ela, mas não temos mais condições”, afirmou.
Prioridade é pagamento de servidores, diz governo
Por meio de nota, o Governo do Estado afirmou que sua prioridade, no momento, é realizar o pagamento de servidores efetivos e que o salário do quadro geral é prioritário por determinação da Justiça.
“A Procuradoria-Geral do Estado conseguiu na Justiça liminar para garantia dos salários dos servidores, em relação a todas as outras despesas, exceto as constitucionais e bloqueios judiciais. Em cumprimento da liminar, a prioridade do governo é efetuar o pagamento de salário de todos os servidores da administração direta e indireta”, informou. (P.B)