Cotidiano

Três municípios são interditados

A medida foi publicada no Diário Oficial da União da última terça-feira, dia 23

Os municípios de Boa Vista, Mucajaí e Pacaraima foram declarados como zona interditada pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) por causa da presença de uma praga que afeta a acerola. A medida foi publicada no Diário Oficial da União da última terça-feira, dia 23, além dos municípios de Roraima, os municípios de Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva e Manaus, no Amazonas, foram delimitados como zona suspeita de ocorrência da praga.
Segundo o superintendente substituto da SFA-RR (Superintendência Federal da Agricultura em Roraima), Luiz Claudio Santos Estrela, o problema foi detectado há pelo menos dois anos e a praga descoberta em Roraima pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) é única no Brasil.  
“É uma praga exótica, que se implantou nos pomares de acerola e fez o Ministério da Agricultura editar uma medida proibindo a saída do fruto do Estado e já estamos trabalhando para eliminar a disseminação da praga em Roraima”, explicou. 
Segundo ele, embora a praga tenha sido detectada há dois anos, só agora foi determinada a proibição da saída do fruto porque a Embrapa precisou desse tempo para encerrar o processo de pesquisa e publicar o resultado final.     
“O Ministério da Agricultura só pode adotar medidas depois de haver a comprovação da pesquisa e de um estudo aprofundado sobre a praga detectada inicialmente no município de Pacaraima”, explicou.
A praga que está afetando as plantações é a Anthonomus Tomentosus, que ataca exclusivamente a acerola. A instrução normativa do Mapa proíbe o trânsito de frutos frescos de acerola para o exterior da zona interditada. Já as frutas produzidas na área suspeita do Amazonas só podem ser transportadas mediante emissão de Permissão de Trânsito de Vegetais ou Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado.
A permissão, no caso de trânsito da zona suspeita para outros lugares, deve conter declaração adicional: “A partida foi inspecionada e encontra-se livre de Anthonomus Tomentosus”.
Estrela afirmou que o estado de Roraima deve ficar interditado até que outras regiões sejam rastreadas para avaliar a distribuição da praga, o que deve levar, em média, um ano, porém, isso não impede a comercialização da polpa da fruta, já que a praga em si não é prejudicial à saúde humana.
“A partir do momento que se processa a polpa da acerola, elimina-se o risco de transmissão da praga e não prejudica a saúde. O prejuízo é ao fruto e à comercialização. Mas, como a acerola não é um fruto muito comercializado em Roraima, a interdição fica para o fruto e as partes verdes da planta, que não podem sair do Estado”, esclareceu.   
Quanto à segurança alimentar para os consumidores da polpa de acerola, Estrela disse que, de certa forma, fica comprometida. “Se há um bichinho no fruto e vai para a polpa produzida, ele tem proteína e mesmo congelada a proteína vai se deteriorar e dá putrefação. Isso inviabiliza a polpa e compromete a segurança alimentar, dificultando a comercialização da polpa”, frisou.            COMBATE – Estrela informou que o combate à praga do Anthonomus Tomentosus é mais complicado que as demais já existentes no Estado, isso devido ao fato de o inseticida utilizado não ter contato direto com o inseto. “É um combate complicado, mas temos meios e já estamos tomando as providências e combatendo a praga”, frisou.
ADERR – A diretora de Defesa Vegetal da Aderr (Agência de Defesa Agropecuária de Roraima), Marta Mota Henchen, informou que desde 2010 as barreiras implantadas pelo órgão já fazem o trabalho de fiscalização e controle de saída da acerola, isso devido à ocorrência da praga conhecida Mosca da Carambola, que já é combatida no Estado, e a acerola também é hospedeira desta praga.      “Há quatro anos que a acerola não sai do Estado e não é porque apareceu mais uma praga que vamos mudar o sistema de controle, pois ele já existe sobre a acerola nas nossas barreiras”, afirmou.
Atualmente, a Aderr tem três barreiras fixas no município de Bonfim, no Surumú, no município de Pacaraima, e no Jundiá, no Sul do Estado, onde atuam com aproximadamente 25 técnicos no monitoramento e fiscalização, que trabalham das 6h às 18 horas. “O trabalho realizado é nesse horário para evitar conflitos, já que as barreiras estão em área indígena e não temos acompanhamento policial”, frisou. (R.R)