Cotidiano

Três praças de Boa Vista começam a receber câmeras de monitoramento

Equipamentos fazem parte de um programa federal de combate e prevenção ao avanço do crack no Brasil

As 19 câmeras de monitoramento do programa federal “Crack, é Possível Vencer” começaram a ser instaladas nas praças Germano Augusto Sampaio, no Pintolândia, Mané Garrincha, no Tancredo Neves, e na do Cambará, no bairro do mesmo nome, todos na zona Oeste. Em aproximadamente 60 dias devem estar em funcionamento, depois que os agentes concluírem os treinamentos e o programa estiver instalado, interligando as câmeras ao sistema integrado em um ônibus equipado com moderno sistema de monitoramento, o qual ficará sediado no 2º Batalhão da Polícia Militar (2º BPM), no bairro Pintolândia.
Roraima aderiu ao programa desde 2013, junto ao Ministério da Justiça e Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), mas só agora começou a ser instalado. Segundo o secretário de Segurança Pública, Januário Lacerda, serão quatro câmeras na praça do Cambará, seis na praça Germano Augusto Sampaio e mais seis na praça Mané Garrincha, além de mais três instaladas em ruas de acesso a estas praças e duas acopladas no ônibus.
“Estamos aguardando a vinda de técnicos do Senasp para instalar o programa e começar a treinar os agentes. Apesar de ser parte do programa ‘Crack, é Possível Vencer’, essas câmeras serão utilizadas como importante ferramenta de combate à criminalidade nestes locais”, disse. uma vez instalado, o sistema tem como objetivo reduzir a oferta de drogas ilícitas por meio do enfrentamento ao tráfico e organizações criminosas.
“Esses locais serão monitorados 24 horas por profissionais de segurança treinados, visando prevenção à criminalidade. A base para o monitoramento será um microônibus que dispõe de câmeras acopladas e que fará a gestão das imagens no 2º Batalhão da Polícia Militar, localizado nas proximidades”, disse.
A rede vai interligar as 19 câmeras através de sistema Wi-Fi, o que permitirá que o monitoramento seja feito também por telefone celular. “Todo esse processo para a instalação, ativação do sistema e treinamento das equipes que estarão trabalhando no programa deve levar em torno de 40 dias para que possamos iniciar o monitoramento”, frisou o secretário.
MONITORAMENTO – Um projeto de restabelecimento do programa de monitoramento das principais ruas e avenidas de Boa Vista, através de câmeras de vigilância, está sendo elaborado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. O secretário Januário Lacerda disse que, tão logo esteja pronto, vai levar ao conhecimento da governadora Suely Campos (PP). Embora sem definir datas, disse que pretende colocar em prática no máximo em 90 dias.
“Pretendemos restabelecer o monitoramento das 76 câmeras que já estão instaladas pelas vias de maior movimento da cidade, tanto de pedestre quanto de veículos. A novidade é que o projeto terá inclusão social, depois de capacitar pessoas portadoras de deficiência que apresentem condições para trabalhar na sala de monitoramento, junto com estagiários do Curso de Segurança Pública da UERR [Universidade Estadual de Roraima], sob a supervisão de oficiais da Polícia Militar”, afirmou.
Ele informou que as câmeras estiveram em funcionamento na gestão do então secretário Sã Cavalcante, mas foram desmobilizadas na gestão de Amadeu Soares por ter encerado o convênio dos alunos estagiários do Curso de Segurança Pública da UERR, que faziam o trabalho na sala de monitoramento. “Entendemos que se trata de uma ferramenta importante no combate à criminalidade. Estamos trabalhando numa perspectiva de voltar a funcionar e colocar à disposição da Polícia Judiciária”, frisou. (R.R)
  Secretário discorda de dados do ‘Mapa do Crack’ sobre Roraima
O secretário estadual de Segurança, Januário Lacerda, não concorda com o levantamento feito pelo Observatório do Crack, ONG que reúne pesquisadores da Confederação Nacional dos Municípios, com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios, o Siafem, o qual apontou no mapa Geografia do Crack, que dos oito municípios que foram pesquisados em Roraima, o Município do Cantá, Centro-Leste do Estado, apresentou maior incidência da droga.
Os dados apontam ainda, que em São João da Baliza, Sul do Estado, e Bonfim, Leste, apresentaram nível médio. E Uiramutã (Norte), Boa Vista, Alto Alegre, Mucajaí (ambos na região Centro-Oeste) e Caracaraí (Centro Sul) apresentam baixo nível de circulação de crack.
Segundo o secretário, as estatísticas da Polícia Civil mostram outra realidade nos municípios de Roraima. “Esse mapa apresentado não reflete a realidade das estatísticas da Polícia Civil, que tem como base o ano de 2014. Os municípios que tiveram maior apreensão de crack foram Iracema [Centro-Sul] e São João da Baliza, porém com quantidade pequena. Nos outros municípios não foi registrada a constatação do crack”, ressaltou.  
Ele acredita que pode estar havendo distorção na hora de registrar a apreensão da droga antes mesmo de haver o exame laboratorial para constatar se é crack ou outra droga petrificada. “Vamos pedir cautela nas delegacias para que, de fato, essa estatística seja mais fidedigna com relação aos exames preliminares para constatar se é crack ou não”.
Lacerda vê o fato de não haver grande incidência de crack no Estado como um ponto positivo e destaca que o problema deve começar a ser combatido antes de se instalar no Estado. “Estamos fazendo o trabalho de prevenção e de forma mais atuante, junto com a Força de Segurança, formando um cordão de isolamento para não deixar essa droga chegar e se instalar nos nossos municípios”, disse. “Mas, infelizmente, temos muita presença da maconha e da pasta base de cocaína”. (R.R)
  Estado precisa apoiar unidades de tratamento de dependentes
O secretário de Segurança, Januário Lacerda, defende que o Estado deve estar junto a setores religiosos, católicos e protestantes, que mantém unidades de apoio, tratamento e recuperação de dependentes químicos em Roraima. Ele disse que pretende levar essa proposta para debater no Comitê Estadual Antidrogas.
Ele exemplificou o trabalho desenvolvido pela Fazenda da Esperança, no Município de Iracema, a qual o poder público deveria atuar com mais presença. “A Fazenda tinha uma parceria do Governo do Estado com a Igreja Católica, mas não houve o apoio suficiente por parte do Estado. Hoje, funciona apenas com a Igreja e o apoio de voluntários e de pessoas que contribuem”, disse.
Embora tenha afirmado que ainda não houve um primeiro contato entre a governadora Suely Campos (PP) com a Igreja Católica ou com as outras religiões que têm projetos de recuperação e apoio a dependentes químicos, o secretário disse que o Estado precisa criar seu Centro de Recuperação e passar a oferecer esse trabalho a quem precisa, além de agir como política pública de Estado, e não apenas de governo. “O Estado tem servidores capacitados para oferecer o trabalho. Temos servidores que precisam desse tipo de ajuda como política pública de saúde e de segurança”, frisou.
Ele ressaltou que o que mais afeta as famílias que sofrem com esse problema é o trabalho de recuperação dos dependentes químicos. “Quem tem um dependente na família sabe que, sem o apoio do Estado, é muito difícil vencer”, disse.
ATENDIMENTO – A Secretaria de Comunicação do Estado informou que a rede de saúde oferece atendimento para dependentes químicos. Pacientes em crise são atendidos no Hospital Geral de Roraima (HGR). Quando a crise é estabilizada, os pacientes são encaminhados para o Caps-AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas), localizado na rua Sócrates Peixoto, 138, bairro Jardim Floresta.
O Caps-AD funciona 24 horas e possui 10 leitos. Atualmente, todos estão ocupados. No Centro, os pacientes recebem atendimento diferenciado ofertado por diversos profissionais, entre eles: médicos, psicólogos, terapeutas, assistentes sociais, artesãos, educadores físicos, entre outros. Neste local, os pacientes podem ficar internados até 14 dias, conforme normativa do SUS (Sistema Único de Saúde). Porém, dependendo do caso, a internação poderá ser estendida por mais alguns dias.
“O Estado em breve contará com uma Unidade de Acolhimento para onde os pacientes do Caps-Ad serão encaminhados e poderão ficar internados por um período mais longo de tempo para recuperação. A unidade funcionará no bairro dos Estados [zona Norte] e está em fase de implantação. O local contará com 16 leitos e deverá ser inaugurada até o mês de maio”, frisou. (R.R)