FABRÍCIO ARAÚJO
COLABORADOR DA FOLHA
Em Roraima, o turismo está engatinhando, mas com potencial para se desenvolver. E engana-se quem credita esse desenvolvimento à capital. É justamente no interior, por causa das belezas naturais que o Estado tem chamado a atenção de estrangeiros. É o que aponta pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), com base em dados do Ministério do Trabalho.
A meta de postos de trabalho, no setor do turismo, com carteira assinada em Roraima está próximo de ser alcançada. O esperado pela Fecomércio é que até o fim do ano haja 100 contratações ligadas ao setor. Até agora 80 oportunidades de empregos surgiram. Para 2019, apesar do atual momento econômico de Roraima, a expectativa é que 150 novos postos de trabalhos com carteira assinada sejam preenchidos no ramo.
“Não é uma coisa recente. Há alguns anos estamos falando sobre turismo em Roraima e até pessoas de outros Estados e países acabam vindo para cá, justamente procurando as nossas belezas naturais e o que temos a oferecer. É algo que está se consolidando e a criação de novos empregos, a maioria na parte de hospedagem e alimentação, prova isto”, declarou o economista da Fecomércio, Fábio Martinez.
Boa Vista é bem arborizada em comparação a outras capitais do país, mas quando o economista cita “belezas naturais” não é da cidade que está falando. O que atrai os turistas em Roraima são lugares como o Tepequém, o Baixo Rio Branco e o Monte Roraima.
Na capital de Roraima, o fluxo de visitantes fica por conta das pessoas que chegam a negócios. Em Boa Vista também se concentra o setor da alimentação porque há um número grande de lanchonetes, restaurantes e hotéis, sendo a parte ligada ao turismo que mais gera empregos. O público típico dos lugares com as belezas naturais são os “mochileiros”, pessoas que viajam com frequência em busca de aventuras em ambientes naturais.
“O principal destino deles é o sul do Estado, no baixo Rio Branco, que é a pesca esportiva, muita gente vem de outros países justamente por isso e já existe estrutura por lá para atender esta demanda”, relatou Fábio Martinez.
Já no Tepequém a movimentação é feita, em grande parte, pelos próprios roraimenses. De acordo com Martinez, o local já está se consolidando como ponto turístico, tanto que muitos empresários apostaram em pousadas e a inauguração de um hotel no próximo ano deverá fortalecer ainda mais o turismo no local.
Para que o setor deixe de engatinhar e dê os primeiros passos, Fábio Martinez acredita que o necessário seja maiores investimentos na infraestrutura. O economista admitiu que pouca coisa tem sido feita para alavancar o turismo no Estado, mas justificou que há poucos recursos para isto.
“Eu acho que o setor do turismo ainda está engatinhando. A tendência é crescer porque há um potencial muito grande. Quase 9% dos empregos formais aqui em Roraima estão ligados ao turismo, ou seja, existe um potencial grande aí que está sendo pouco explorado, tanto das belezas naturais, talvez até um turismo focado nas terras indígenas que vem crescendo no Mato Grosso e ajuda a gerar renda até para estas comunidades”, apostou Martinez.
E já pensando no ano de 2019, em que a economia de Roraima precisará ser reestruturada, o economista explicou que precisarão ser estabelecidas prioridades, mas acredita que o turismo não pode ser deixado de lado porque gera receita para o Estado, quem vem para visitar qualquer local acaba deixando dinheiro em diversos setores.
“Estamos em um ano difícil, tanto que teve até intervenção, mas foi uma luz no fim do túnel. E 2019 será um ano de reestruturação, não será um ano fácil, até porque não há dinheiro para tudo e será necessário estabelecer prioridades. O Conselho Empresarial de Turismo iniciou as atividades agora, no fim do ano, e existe a perspectiva justamente de que se dê mais importância ao turismo aqui no Estado para que durante a reestruturação não seja deixado de lado o turismo que é importante e gera receita para Roraima”, finalizou o economista.