Na semana em que se comemora o Dia Internacional do Museu, celebrado no dia 17 de maio, o único espaço reservado para guardar o vasto acervo da História do Estado, o Museu Integrado de Roraima (Mirr), que fica no Parque Anauá, segue fechado desde 2012 e sem previsão de reabertura.
Em fevereiro de 2014, o Governo do Estado anunciou o recebimento de R$ 400 mil em recursos para concluir a reforma do local, com expectativa de reinauguração até o fim de 2015, o que acabou não se cumprindo. O local atualmente serve de refúgio para desabrigados e usuários de drogas.
A Folha esteve no local na tarde do dia 17, e constatou que o Mirr se encontra totalmente abandonado e em ruínas. O prédio, administrado pelo Instituto de Amparo à Ciência, Tecnologia e Inovação (Iacti), possui condições estruturais precárias e não tem qualquer tipo de vigilância.
Além da estrutura precária, as janelas não têm grades nem reforço e o prédio é quase todo feito de madeira, o qual está em péssimo estado de conservação. O projeto de reforma que previa mudanças na estrutura arquitetônica original do prédio, com a troca de toda a parte de madeira por material em ferro, acabou não se concretizando.
A reforma incluiria a construção do bloco de coleções científicas, reforma do bloco B e de metade do bloco A. O Herbário, que contém uma das coleções botânicas mais antigas e importantes de Roraima, também seria contemplado.
A expectativa era de que até o final de 2015 o museu fosse reinaugurado e que o vasto acervo que inclui cerca de 40 mil peças, entre coleções de conteúdo arqueológico, etnológico, zoológico, botânico, histórico, geológico e de artes visuais, fosse novamente disponibilizado à visitação do público.
ABANDONO – Para o professor de História da Universidade Estadual de Roraima (UERR), André Augusto da Fonseca, o abandono do Museu Integrado de Roraima é trágico. “Esse museu tem coleção de espécies naturais, plantas, fósseis, material arqueológico, etnográfico e é como se fossem muitos museus em um só, construído de forma democrática. É tragico o abandono, porque foi criado por iniciativa da sociedade”, disse.
Segundo ele, o museu possui uma história significativa. “Foi criado a partir de iniciativa da comunidade, de audiências públicas. Estudantes dos anos 80 da rede estadual participavam desses encontros para a criação do museu. A pequena comunidade de pesquisadores ajudou a construir e Roraima hoje deve ser o único Estado brasileiro sem museu”, lamentou.
Conforme o pesquisador, o abandono é responsabilidade do governo. “Regredimos e isso deve ser debitado na conta do governo. Recursos existem. Outra coisa que preocupa é o patrimônio arqueológico, que não recebe atenção nenhuma”, frisou.
IACTI – A Folha tentou entrar em contato com o diretor do Iact, Marcelo Nunes, para saber se há previsão de reforma e reutilização do Mirr, mas ele não quis se manifestar sobre o assunto. (L.G.C)