O único posto provisório de combustível de Pacaraima reabriu na manhã deste sábado (23) e atraiu uma fila quilométrica formada por clientes brasileiros e venezuelanos na cidade situada na fronteira do Brasil com a Venezuela. Houve motoristas que “dormiram” na fila na expectativa de abastecer.
Após a Folha repercutir a interdição do Posto Trevo, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) suspendeu a medida por 30 dias e considerou o cenário de desabastecimento que prejudica imediatamente os serviços públicos na região.
Na quinta-feira (21), a ANP interditou o estabelecimento como medida cautelar contra a precariedade do serviço, alegando o risco de incêndio. A interdição faria clientes a recorrer a estabelecimentos de cidades mais próximas, incluindo Boa Vista, capital de Roraima que fica a aproximadamente 220 quilômetros de distância. O bloqueio gerou procura por gasolina no comércio ilegal, cujo preço do litro chegou a R$ 15.
As polícias Federal e Militar chegaram a procurar a ANP para explicar que a interdição impacta nas operações de Segurança Pública e fronteiriça na região e pediram autorização para abastecer as viaturas de forma emergencial. Com isso, os carros das corporações serão prioridade no abastecimento.
O superintendente-adjunto de Fiscalização do Abastecimento da ANP, Carlos Eduardo Neri de Oliveira, determinou que o Posto Trevo adote medidas de segurança, com atenção ao isolamento dos caminhões-tanques para impedir o acesso de pessoas não-autorizadas, à adequação de tubulações, conexões e eventuais fiações, à adequação da carga e à validade dos extintores de incêndio do local e ao abastecimento de veículos com o menor número de pessoas no entorno do local.
O órgão ainda pediu que a empresa roraimense envie a documentação relacionada ao pedido de licenciamento feito ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), que é a autorização que o proprietário precisa para abrir o novo e definitivo posto, montado desde 2021.
Cléo explicou que o Ibama sinalizou que o autorizaria a abrir o novo posto, o que não aconteceu pois a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) teria se manifestado contrária. Isso porque a instituição move, desde 1995, uma ação judicial para declarar inconstitucional a criação de Pacaraima e de Uiramutã, cujas áreas seriam devolvidas aos indígenas das reservas São Marcos e Raposa Serra do Sol. Nenhum dos órgãos respondeu aos questionamentos da Folha sobre o assunto.