A produção de etanol de milho no Estado já tem data prevista para iniciar: junho de 2021, segundo informou à Folha o diretor comercial da empresa Millenium Bioenergia, Acácio Rozendo. Quando em funcionamento, a meta inicial é de produzir 600 mil litros de etanol por dia e depois a proposta é dobrar, em pouco tempo, segundo ele, para 1,2 mil litros diariamente.
O lançamento da pedra fundamental para a construção da usina será no próximo sábado, dia 7, às 16h, na comunidade do Tucano, município do Bonfim. O investimento será de R$ 1,2 bilhão. “Estamos ultimando os detalhes desse evento e o início da obra será imediato”, afirmou.
Ele citou que serão aproximadamente 1,5 mil trabalhadores no canteiro de obras para a construção da usina. “Acreditamos que até o dia 15 de dezembro já daremos o início no canteiro de obras e planejamos que em até 18 meses a obra esteja concluída”, afirmou.
Ele explicou que a demora maior para a finalização da obra e início da produção de etanol é devido à construção da caldeira. “A fabricação da caldeira é o ponto mais demorado da obra. Já solicitamos que a caldeira seja feita e a construção só se dará com 18 meses”, disse. “Só dependemos da licença da Femarh, que já foi liberada”, afirmou.
PREÇOS – Por ser produzido no estado e não ter a figura do atravessador para revender aos postos de combustíveis, Acácio garantiu que o produto chegará ao produtor final com cerca de 50% a menos que o preço de mercado hoje.
“Ao começarmos a produzir o etanol do milho, vamos poder apresentar um diferencial de preços nas bombas, direto ao consumidor, com cerca de 50% mais barato do preço praticado no mercado”, disse. “Se fosse hoje estaria chegando a preço final de R$ 2,50 nos postos de combustíveis. Além de poder abastecer seu carro com combustível limpo e produzido em Roraima”, disse.
Além da produção do etanol, a Millenium Bioenergia vai produzir mais quatro subprodutos do milho: ração de farelo, óleo comestível, gás carbônico alimentício (para fabricação de refrigerante e água com gás e gelo seco), e o excedente de energia.
Acácio destacou ainda a importância da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), que através de seus incentivos, permite o crescimento e desenvolvimento da Região Norte.
“Contamos com os incentivos da Suframa para nos permitir fazer esse investimento e competir com combustíveis que vêm de outros estados e fazendo o crescimento na região”, afirmou.
FERROVIA – A empresa está fazendo um estudo de viabilidade econômica para a possibilidade de construção de uma estrada de ferro ligando Boa Vista a Georgetown, na Guiana.
“Estamos trazendo parceiros para elaborar essa fase de estudos de viabilidade econômica para construir esta estrada que no Brasil seria uma parte pequena, já que a maior parte será na Guiana, e se o estudo de viabilidade nos for viável vamos investir alto nesta ferrovia, pois teremos capacidade de carga de etanol e farelo de ração”, afirmou. (R.R)
Produção de milho pode ser entrave para abastecer usina
A empresa vai precisar de pelo menos 100 hectares de milho para abastecer a usina, mas hoje Roraima só planta 15 mil hectares
Acácio Rozendo explicou que a Millenium não planta milho e o consumo inicial para produção será de 480 mil toneladas de milho por ano, e que pretende comprar a produção no Estado.
“No início da produção nossa capacidade inicial será de 480 mil toneladas de milho por ano, mas vamos mais que dobrar esse número e a meta é chegar a um milhão de toneladas por ano. O que corresponde a 145 mil hectares de milho”, disse. “Vamos procurar os grandes e pequenos produtores de milho no Estado e garantir um preço mínimo da produção, que vai dar segurança para plantar e saber que vai ter a garantia da indústria para comprar”, disse. “Já conversamos com alguns produtores da região do Tucano, mas pretendemos conversar com todos os produtores. Mas caso não haja tempo hábil e precise de milho para a produção inicial, vamos trazer de Rondônia ou do Acre, inicialmente, mas nossa proposta é comprar o milho no Estado”, afirmou.
Ele citou ainda parcerias com as prefeituras municipais, cooperativas e produtores familiares.
“O milho pode ser plantado em grandes áreas e em agricultura familiar, e com a garantia de compra e o farelo de ração que vamos devolver, e com isso fomentar a criação do peixe, o frango e o suíno nesta pequena produção familiar”, disse.
A Folha falou com dois produtores de milho no Estado, Afrânio Weber e Fábio Fukuda. Os dois disseram acreditar na proposta da empresa em produzir etanol a base de milho e ajudar no desenvolvimento econômico do Estado. “É um plano maravilhoso. Se realmente acontecer vamos ficar muito contentes, pois vai alavancar a produção do agronegócio e do Estado. Estamos muito animados e esperançosos com a construção desta usina”, disse.
Ele citou que hoje são plantados 15 mil hectares e lembrou que precisa de pelo menos mais 100 mil hectares para abastecer a empresa.
“A empresa vai precisar de mais produção de milho e, pelo que soube, vai fomentar os produtores, vai desenvolver a agricultura e agregar valores à produção e o preço do milho vai ser razoável”, disse. “E para este volume de lavoura vai trazer mais calcário, adubo e abrir suporte para funcionários, e isso vai fomentar a economia”, disse. “Cada hectare produz em média cem sacas de milho, com 60 quilos cada”, informou.
Já o produtor Fábio Fukuda disse que torce para que dê tudo certo e que a produção de etanol a base de milho será a redenção do desenvolvimento econômico.
“Acredito que vai alavancar a produção de milho e o desenvolvimento do estado”, disse. “Na nossa propriedade plantamos mais soja que milho, mas com essa proposta poderemos plantar mais milho. Depende da proposta, e se der tudo certo, que torcemos que seja assim e que possamos aumentar nossa produção”, afirmou. (R.R)