Os roraimenses têm optado pelo consumo cada vez maior de álcool combustível nos veículos, também conhecido como etanol. Somente no mês de novembro, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Estado registrou alta de quase 90% nas vendas desse tipo.
No entanto, cálculos da própria agência reguladora avaliam que o uso do combustível nos veículos não traz vantagens ao consumidor em Roraima. Conforme a ANP, vale mais a pena para o consumidor usar etanol se o combustível custar até 70% do preço da gasolina.
No caso de Roraima, a pesquisa realizada em 13 postos de combustíveis da Capital pela ANP, por meio do Sistema de Levantamento de Preços (SLP), entre os dias 6 e 12 de dezembro, calcula que a gasolina, que possui preço médio de R$ 3,87, compensa mais que o álcool, com preço médio de R$ 3,53 por litro.
O cálculo do preço médio foi ponderado de acordo com as vendas de combustíveis informadas pelas distribuidoras à ANP, por meio do i-SIMP (Sistema de Informações de Movimentação de Produtos). O custo médio do litro de gasolina repassado às distribuidoras é de R$ 3,372, e o de álcool é de R$ 3,083.
Segundo o órgão regulador, o aumento no preço da gasolina, o retorno da Cide (imposto que regula o preço dos combustíveis) e a diminuição do Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias (ICMS) foram fatores fundamentais que contribuíram para a crescente comercialização de álcool no Estado.
A Folha conversou com o economista Raimundo Keller para tentar entender o motivo do crescente consumo de etanol pelos roraimenses, mesmo não sendo vantajoso. Para ele, o fato mostra uma mera ilusão de consumo. “Aqui no Norte não é viável a utilização desse combustível, por ser só um pouco mais baixo que o preço da gasolina. É uma falsa ilusão de que se está comprando uma coisa mais barata, sem saber que não vai haver rendimento”, disse.
Não ser vantajoso na condição de consumo, de acordo com o economista, é o suficiente para evitar utilizar o etanol. “Pelo fato de ser um pouco mais barato as pessoas acabam comprando. Mas com o litro da gasolina, o carro popular faz acima de dez quilômetros, e com a mesma quantidade de etanol faz entre seis e sete quilômetros. Será que compensa o uso desse combustível?”, questionou.
O analista de sistemas Paulo Marques, que só abastece o veículo com etanol, disse reconhecer o fato de o combustível não trazer vantagens. “Eu uso porque, para mim, é inviável pagar quase R$ 4,00 no litro de gasolina. Nós, consumidores, somos prejudicados diariamente com esses abusos. Eu tento rodar menos, às vezes deixar o carro em casa, tudo para evitar gastar tanto com isso”, relatou.
Já o administrador Luiz Thomás afirmou nunca ter utilizado etanol no seu carro. “O meu carro é só gasolina. Para mim, não compensa e nem vou atrás de etanol, porque acho que o custo-benefício não vale à pena. Tem o lance de que o consumo é o pé do motorista, a maneira da dirigibilidade, então por isso nunca optei pelo álcool”, frisou. (L.G.C)