Cotidiano

Usuários reclamam da falta de organização no agendamento de consultas médicas

A demora no agendamento de consultas no Hospital Coronel Mota (HCM), localizado no Centro, revoltou usuários e pacientes, na manhã de ontem. Moradora da Vila Campos Novos, localizada no Município de Iracema, a 93 km de Boa Vista no Centrou-Sul do Estado, a aposentada Maria do Perpétuo Dias, 53 anos, denunciou à Folha a situação que vem enfrentando naquela unidade hospitalar.
Conforme a moradora, ela vem há dias tentando agendar uma consulta ortopédica para um amigo, um idoso de 60 anos. Na ocasião, o responsável pelo agendamento marcou a realização do procedimento para o dia do feriado municipal de Nossa Senhora da Conceição, na segunda-feira, 08. “A consulta foi marcada justamente no dia em que o hospital não funcionou. Na terça-feira fomos novamente ao hospital para tentar remarcar a consulta e nos informaram que não há previsão para que ele seja atendido de novo”, relatou.
Ela disse que a situação de descaso é preocupante, uma vez que não há qualquer tipo de orientação por parte da equipe de atendimento do hospital. Há seis meses ela tenta sem sucesso marcar também um exame de laringoscopia. “Eu tenho que fazer essa laringoscopia e não consigo agendar. A única coisa que eles falam é que não podem fazer nada até a realização da transição de governo. Então quer dizer que por isso o cidadão tem que sofrer para ser atendido? Isso é um absurdo”, protestou.
FALHAS – Ontem a Folha esteve no Hospital Coronel Mota e constatou uma série de falhas dentro da unidade. Durante um curto período da manhã, apenas um dos quatro guichês de atendimento estava funcionando. Conforme pessoas ouvidas pela equipe de reportagem, as queixas são frequentes e nem mesmo pacientes prioritários, como gestantes e pessoas com necessidades especiais, escapam dos problemas.
“Estou aqui acompanhando meu irmão, que é surdo-mudo, para ver se ao menos consigo agendar uma consulta para ele, mas a fila está enorme. Só tem uma pessoa para atender todo esse pessoal e, pelo visto, não vou conseguir marcar nada. Isso é um desrespeito com a população”, disse o aposentado Braz de Almeida.
Outra que também demonstrou revolta com a situação foi Magnólia Souto. Moradora do assentamento P.A Nova Amazônia, zona rural da Capital, a produtora rural está há sete anos tentando resolver um problema de tireoide. Ela relatou que a unidade não está realizando as consultas por conta de problemas em equipamentos médicos.
“Eu estou aqui desde as 04 horas da manhã tentando agendar uma consulta com endocrinologista para tratar do meu problema de tireoide, mas já faz um tempo que o hospital não está realizando exames por conta de equipamento quebrado. Eu espero que a nova governadora resolva essa situação, pois o cidadão não merece ser tratado dessa forma”, disse.
HOSPITAL – Em nota, a direção do Hospital Coronel Mota informou que os problemas, como o que ocorreu com Maria do Perpétuo Dias, são resultantes de uma falha técnica no sistema que realiza o agendamento de consultas. Segundo a direção, todos os procedimentos de remanejamento estão sendo feitos e, tão logo os procedimentos serão remarcados, os pacientes serão comunicados por telefone.
Em relação à falta de especialistas, a nota esclarece que a unidade tenta ao máximo suprir de forma organizada toda a demanda existente, uma vez que também recebe encaminhamentos de outros hospitais de referência do Estado. “Por conta da alta demanda, o agendamento para algumas especialidades está temporariamente suspenso, já que o mapa de marcação de consultas está fechado até o mês de janeiro. A medida foi adotada como forma de controle, pois as marcações feitas para um período maior do que 90 dias ocasionam um alto índice de pacientes faltosos”, afirmou.
Além disso, a unidade afirmou que aguarda ajustes com a equipe do novo governo a fim de determinar o funcionamento de alguns serviços de saúde nos feriados e pontos facultativos do mês de fevereiro e subsequentes, como forma de evitar que novas consultas sejam marcadas em feriados ou pontos facultativos.
Com relação às reclamações de demora no atendimento na recepção da unidade, a direção explicou que, devido à redução do número de funcionários da empresa Vale Serviços Terceirizados, a unidade tem tentado manter os serviços de agendamento com o menor prejuízo possível para a população.
SESAU – Em relação ao exame de laringoscopia, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que tem buscado resolver a oferta do serviço. “A Coordenação-Geral de Regulação, Avaliação e Controle (CGRAC) está com edital de credenciamento do exame aberto para qualquer empresa interessada”, frisou. (M.L)