Cotidiano

Vala acumula sujeira, lixo e água há mais de 40 anos

Moradores afirmam que já conversaram com todos os políticos e representantes do poder público sobre o problema, mas até hoje nada foi resolvido

No bairro dos Estados, em região de nobre da cidade, moradores das avenidas Rio Grande do Sul e Pernambuco já estão acostumados com um problema que existe desde a época em que o Estado ainda era considerado um território federal: a presença de uma vala, de frente para a cerca que demarca propriedade da União, que acumula lixo, animais e, no período de inverno, água que pode contribuir como criadouro de mosquitos.

A moradora da Rua Rio Grande do Sul há 40 anos, Maria Odetina, disse que a vala já estava lá desde a época em que ela chegou no bairro, quando sua casa era uma das poucas da região. Ela conta que além da conscientização a população, também é preciso que o poder público colabore com sinalizações.

“Eu costumo dizer que essa é a avenida mais pobre da cidade, mesmo estando no Bairro dos Estados, pois você vê que não existe nenhum tratamento para nada que diz respeito a ela, e isso conta com a vala. Sempre vejo carros parando só para jogar lixo aqui, o que costuma feder. Além disso, sinto falta de uma sinalização que possa indicar para os moradores o risco de cair na vala, pois ela fica bem do lado da avenida, e os carros costumam passar rápido aqui”, comentou.

Sua filha, a servidora pública federal Francilene Barbosa, conta que já buscou sensibilizar o poder público, mas, no fim das contas, há muitas ideias e nenhuma execução.

“Já entrei em contato com vários políticos para ver essa questão da vala, muitos até se espantam por pedir por algo que parece tão simples e sugerem colocar tubulação, mas nada disso sai do papel. Ouvimos muitas ideias e promessas, mas nada sai do papel. Sem falar que os próprios moradores também precisam ter consciência que jogar lixo lá, afeta toda a população que mora na frente da vala”, explicou.

A servidora pública Joana Rita Almeida, que reside na Avenida Rio Grande do Sul há dois anos, explica que já ouviu várias promessas de vereadores de instalar uma tubulação na vala. Apesar disso, até hoje não se fala mais no assunto. Ela também destacou que o local já deu bastante problema para sua casa, que antes era colocada para alugar, em época de inverno.

“Hoje em dia, a Prefeitura faz uma limpeza anual na vala pouco antes do início do período de chuva. É pouco ainda, mas antes nem isso era feito, então pelo menos reconheço a atitude, pois se não limpa, alaga tudo por aqui. A minha maior preocupação com a vala geralmente são os mosquitos no inverno. Eles ficam por toda a parte, e eu fico cheia de marcas no corpo”, complementou.

Outra moradora da mesma avenida há oito meses, e técnica de enfermagem, Brenda Borges, afirmou que até mesmo andar próximo da vala pode ser arriscado. “Como no inverno tudo por aqui fica só barro, então tem que se andar com cuidado por aqui. Eu mesma quase cai dentro da vala, o que é um perigo, pois nem tem como saber que tipo de animal ou doença pode se contrair lá dentro”, afirmou.

Comerciantes afirmam que vala causa problemas aos clientes

“Sempre vejo alguém vindo com um saco, um acúmulo de alguma coisa levando para a vala”, diz o comerciante Deives Assis (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

O dono de comércio na Avenida Pernambuco, Deives Assis, comentou que, diferente da Avenida Rio Grande do Sul, este é um ponto em que não costuma acumular tanto lixo, mas ainda assim, ainda há quem pratique o hábito de jogar restos e animais mortos nela.

“Aqui não vejo tanta gente jogando lixo aqui, por ser ponto de maior movimento. Nas proximidades da Avenida Rio Grande do Sul tem bastante. Mas sempre vejo alguém vindo com um saco, um animal morto ou o acúmulo de alguma coisa levando para a vala. Aqui tem muita gente com esse hábito ainda”, contou.

Deives também abre seu comércio para venda de álcool à noite. Ele destacou que já se deparou com clientes que reclamam da vala e até mesmo alguns que acabaram se acidentando nela após beber demais.

“De noite, quando o pessoal aparece para beber, já presenciei umas duas vezes pessoas derrubarem o carro dentro da vala. Daí é só chamando o guincho no meio da madrugada mesmo, o que causa todo um transtorno para os clientes. Também tenho clientes que reclamam do cheiro podre, pois o vento sempre vem da vala para cá, então quando tem algo nojento lá dentro, todo mundo sente”, afirmou.

PREFEITURA – A Folha procurou entrar em contato com a Prefeitura de Boa Vista para saber quanto à rotina de limpeza da vala e se há planejamentos para ela. Nenhum retorno foi obtido. (P.B)