Enquanto algumas capitais do Brasil temem a crise no mercado imobiliário, por conta das dificuldades na venda e a grande oferta de unidades disponíveis para locação e baixa procura de clientes, corretores e donos de imóveis garantem que o setor de aluguéis em Boa Vista está aquecido.
A corretora de imóveis Rosemary Malinowski explica que houve aumento de 30% nos preços dos aluguéis, comparado ao ano de 2018 e, embora tenha ocorrido esse reajuste nos preços, o setor se mantém registrando constante rotatividade.
Ela diz que Roraima está longe de conhecer os efeitos da bolha imobiliária, processo que ocorre no setor imobiliário onde existe um aumento brusco nos preços dos imóveis, que não refletem o preço real do bem, fazendo com que essa bolha tenda a “estourar” e os preços também caiam substancialmente em um curto período de tempo.
“Em Boa Vista nunca existiu a tão temida bolha imobiliária. Basta analisarmos as notas nos cartórios e vamos constatar como o mercado na capital jamais passou por crises. Em 2018, a procura por aluguéis estava de fato em baixa, mas 2019 já iniciou com alta procura. Esse aumento no preço é devido à valorização do imóvel. Quem vem de outros estados já chega com referências de localidade. A maioria quer residir em áreas como Paraviana, Caçari, Bairro dos Estados e Centro, locais esses que possuem um valor maior se comparado às regiões da periferia.
Rosemary ainda disse que com a chegada de um serviço de energia elétrica com mais qualidade, será natural a vinda de muitas pessoas em busca de moradia em Roraima e a previsão é de uma maior movimentação no mercado imobiliário local. “Muitos empresários e funcionários já enxergam o potencial produtivo do nosso estado e as vantagens de se instalarem na capital. Se já nos mantemos ´aquecidos` com tantas dificuldades, futuramente os ganhos serão ainda maiores” ressaltou.
Busca por aluguéis ainda é grande em Roraima
De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD), dos 71 milhões de domicílios existentes no Brasil, no ano passado 12,9 milhões eram alugados. Os números apontaram aumento de 5,3% comparado ao ano de 2017, o que demonstra que a procura por moradia alugada pelo brasileiro continua sendo maior do que a por residência própria.
O autônomo Evalcemir Frazão mora de aluguel há mais de 36 anos e questionado sobre os motivos de ainda permanecer na situação de inquilino, ele explica que a burocracia para financiar uma casa impede que muitas pessoas vivam o sonho da casa própria. “Concordo quando me dizem que com o dinheiro do aluguel poderia estar pagando parcelas de uma moradia própria, mas são exigidos muitos documentos, comprovação de renda e apresentação de tantas outras papeladas que acabamos por adiar os planos e continuar a viver no aluguel”, explicou.
Locadores dizem que preços ainda são baixos
O empresário Roberto Medeiros, dono de quatro imóveis que disponibiliza para locação, acredita que ainda existem dificuldades para se manter ativo no setor de aluguéis.
“Geralmente alugamos por um preço muito inferior aos praticados no mercado imobiliário porque a realidade financeira da população pesa na hora de fechar um contrato. Diversas vezes é muito melhor conceder um preço abaixo da tabela, para que a casa ao menos seja ocupada e mantida, pois sabemos que se o local permanecer por muito tempo fechado ele se deteriora por falta da manutenção”
O aluguel de uma casa simples, com 2 quartos, sala, cozinha e banheiro social na área nobre de Boa vista custa em média R$ 1,500 a R$ 2000. Já uma residência com 225,00m2 de área construída com 3 quartos, ainda em bairros como Caçari e Paraviana, custam, em média, R$ 4 mil por mês.
Nas zonas mais afastadas do centro da cidade, um apartamento com apenas um quarto, sala cozinha e banheiro social não chega a custar menos que R$ 500 reais. Uma casa com dois quartos, sala, cozinha, banheiro, quintal e cerca elétrica no bairro Caranã custa em média R$ 1000.
Consultor Financeiro explica motivos da alta nos preços em aluguéis
De acordo com o consultor financeiro Kildo Neto, a alta nos preços em aluguéis de imóveis é devido à supervalorização e a grande procura. “A quantidade de imóveis é inferior ao número da população. Temos por volta de 80 mil imóveis para uma população de quase 500 mil habitantes em Roraima. O ideal seria ter a disposição 420 mil residências, mas a realidade é outra. A oferta é pouca, a procura é alta e os preços são maiores ainda”
Kildo também destacou que a maioria dos locadores não negocia com os inquilinos questões como IPTU e melhorias dentro do imóvel. “Às vezes quem alugou uma residência, por exemplo, deseja fazer obras no local, mas não existe negociação para que isso ocorra, o que dificulta algumas locações. Atenção para quem vai alugar o imóvel. Pesquisem sobre o possível valor do Imposto Predial e Territorial Urbano para que não ocorram problemas”, concluiu.