No Brasil, o Ministério da Saúde estima 52.680 casos novos de câncer de mama em um ano, com um risco estimado de 52 casos para cada 100 mil mulheres. Por trás desses números, estão vidas que tiveram seus rumos alterados e só quem passou por isso sabe o quanto é difícil superar esta batalha. Fabiane Magalhães, 38 anos, foi uma dessas pessoas.
Diretora administrativa do principal hospital do Estado, o Hospital Geral de Roraima (HGR), ela disse que nunca imaginou que sua vida mudaria após ser diagnosticada com a doença, uma vez que não havia histórico da doença em sua família. “Fui diagnosticada com câncer de mama em 2010 e a minha filha estava com 7 meses de nascida. Na época, eu estava com 33 anos e foi considerado pelos médicos um caso bem raro, já que não havia histórico da doença na família. Por sorte, como foi descoberto muito no início, o tratamento foi imediato”.
Assim que a doença foi confirmada, ela iniciou rapidamente o tratamento médico. Foram três anos de tratamento e, com exceção da radioterapia, todos os demais procedimentos foram realizados na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Estado (Unacon). “Eu fiz a cirurgia de retirada do nódulo e a reconstrução da mama. É sempre bom enfatizar que a equipe da Unacon não deixa a desejar para nenhuma outra no Estado. Além desses dois procedimentos, as sessões de quimioterapia foram feitas aqui, na Capital, e apenas a radioterapia foi realizada fora. São processos com os quais você precisa ter paciência, porque existem intervalos de tempo que precisam ser respeitados. Só para se ter uma ideia, para fazer a radioterapia é preciso esperar o término do período da reconstrução da mama por conta da questão de cicatrização. Foram três anos de tratamento até chegar à atual fase em que estou, que é a da reabilitação”, frisou
Durante o tratamento, a jovem mãe contou que teve apoio de toda a família, em especial do marido, que esteve prestando apoio incondicional durante todas as atividades pelas quais teve que passar. “A gente que é jovem nunca espera passar por esse tipo de coisa. Mas eu sempre digo que quando a gente tem Deus no coração, tudo é possível de ser superado. A gente sabe que, infelizmente, na maioria dos casos, o homem acaba abandonando a companheira quando descobre que ela está doente, e é justamente nesse momento que essa paciente mais precisa do carinho. Graças a Deus, eu tive o apoio do meu marido e ele está comigo até hoje. Sou muito grata a isso até hoje, porque não é uma situação fácil de lidar”, destacou.
MENSAGEM – Fabiane Magalhães aproveitou para deixar um recado para as mulheres de Roraima que, por algum motivo, ainda não realizaram seus exames. “O recado para as mulheres é que não deixem de se cuidar. Eu descobrir o meu caso durante o autoexame e, como sempre mantinha hábitos saudáveis e não tinha histórico da doença na família, eu procurei o médico de imediato. É importante disseminar essa preocupação, de estar sempre fazendo o exame, de procurar o médico para saber se há algo errado, porque, quanto antes o diagnóstico sair, mais altas são chances de cura. A gente nunca pode pensar que, ao constatar a doença, a vida pode estar com os dias contados. Pelo contrário! É desse drama que a gente precisa para mostrar que é possível lutar e vencer esse obstáculo”.
Unacon é referência no tratamento e acompanhamento dos pacientes
Em funcionamento desde 2006, a Unidade de alta Complexidade de Oncologia (Unacon) é atualmente o único órgão credenciado e autorizado pelo Ministério da Saúde (MS) para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. De acordo com o coordenador da unidade, Anderson Benetta, o local realiza cirurgias, sessões de quimioterapia e consultas aos pacientes oncológicos, em todas as especialidades de câncer.
“A Unacon possui uma equipe multidisciplinar. São diversos profissionais, todos exclusivos da unidade, para o tratamento de pacientes com câncer. Então, dentro das áreas médicas, nós temos cirurgião oncológico, oncologista clínico, urologista, colo proctologista, hematologista, clínico médico, ginecologista e mastologista. Já as que compõem as especialidades não médicas são nas áreas de fisioterapia, psicologia, dentista, assistência social, nutrição, fonoaudiologia, entre outras”, complementou.
Segundo Benetta, a unidade oncológica atende 90 pessoas, entre homens e mulheres, que estão em tratamento quimioterápico em Roraima, sendo cerca de 20 contra o câncer de mama. Além do trabalho desenvolvido com a paciente, realiza também trabalhos junto às famílias dos pacientes.
“Temos na unidade uma psicóloga que realiza esse atendimento às pacientes e às famílias. Nesses casos de câncer envolvendo mulheres, nós realizamos atividades com dois grupos de apoio. Um trabalha com cinesioterapia, que é um grupo que a fisioterapia trabalha com as mulheres com câncer de mama já tratado, buscando a reabilitação dessas pacientes. Esse grupo funciona duas vezes na semana. E a psicóloga, juntamente com a assistente social, desenvolve o grupo de apoio psicossocial para mulheres com câncer. Então, são atividades em grupo, especificamente para as pacientes com câncer”, explicou.
Toda sexta-feira, existe o grupo de apoio para familiares e acompanhantes de pacientes com câncer. Essas reuniões costumam agregar a participação de mais profissionais, como nutricionista, fisioterapia, psicóloga e assistente social, que trabalham junto aos familiares dessas pacientes.
A Unacon Roraima funciona dentro o Hospital Geral de Roraima, que fica localizado na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, bairro Aeroporto, zona Norte da Capital. “Antes, nós estávamos com um déficit na quimioterapia, um problema que vinha desde o ano passado. Esse ano, nós conseguimos regularizar os nossos materiais para essa área, dando maior regularidade aos serviços, já que é algo que não pode ser interrompido. Dentro das nossas necessidades, a atual gestão tem buscado nos atender no menor tempo possível”, frisou Benetta. (M.L)