Cotidiano

Venda da farinha de mandioca será fiscalizada no comércio e feiras livres

Trabalho dos técnicos será verificar origem dos produtos, nutrientes e a classificação apontada na embalagem

A Superintendência Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em Roraima iniciou o monitoramento de comercialização e venda da farinha de mandioca nos supermercados de Boa Vista. Em breve, começará a fiscalização do produto fabricado artesanalmente e vendido nas feiras livres da Capital e do Interior. A informação é do superintendente substituto do órgão federal em Roraima, Luiz Cláudio Santos Estrela.
Ele explicou que os técnicos estão visitando os supermercados e coletando unidades para fiscalização da origem e dos nutrientes, além de averiguar a classificação apontada na embalagem, tendo em vista a grande comercialização do produto no Estado. 
“Nossa preocupação é a segurança alimentar para que a farinha não seja contaminada, já que é um produto muito consumido em Roraima. As embalagens têm uma rastreabilidade com as características físicas e químicas que nos diz se o produto está apto para ser consumido”, disse.  
Entre as ações técnicas pelas que as amostras coletadas estão passando, estão as análises físicas e bromatologicas (que detecta elementos contaminantes que coloquem a saúde em risco) e químicas (que apontam o percentual de amido existente).   
Para exemplificar a importância da fiscalização, Estrela falou de uma farinha amarela que chama a atenção do consumidor. “De repente, aquilo pode ser um corante colocado prejudicial à saúde. Se isso estiver acontecendo, é ilegal. Mas só vamos ter certeza disso quando forem finalizadas as pesquisas”, disse. “Porém, essa farinha que está ensacada no supermercado tem como ser rastreada. Mas, infelizmente, a farinha que é vendida na feira livre não temos como rastrear, mesmo que se diga que vem de aldeia tal, mas não temos a certeza disso e até se não houve manipulação depois que saiu de lá até a feira”, frisou.
Quanto a esse problema, Estrela afirmou que os pequenos produtores artesanais das comunidades indígenas têm como registrar e ensacar seus produtos. “A legislação dá esse poder aos pequenos produtores para que identifiquem os produtos com seu nome e origem. Esse produto tem como ser rastreado”, disse.
Segundo Estrela, apesar de acreditar que no início pode haver alguma restrição por parte dos produtores, o que o Ministério da Agricultura almeja é dar segurança a quem vende e a quem compra ao conscientizar a produção e agregar valores ao produto. “Estamos dando o mesmo valor à farinha fabricada na indústria, que é feita artesanalmente na maloca, e colocando-a no mesmo nível”, disse.
ENCONTRO – O superintendente substituto, Luiz Claudio Santos Estrela, informou que ainda não começou o trabalho de conscientização nas comunidades indígenas sobre a produção da farinha, mas que pretende realizar uma reunião com a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura), Fetag (Federação Estadual dos Trabalhadores da Agricultura), lideranças indígenas, associações, Agência de Defesa Agropecuária de Roraima, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e entidades ligadas ao tema.
O objetivo será encontrar a melhor maneira de viabilizar a fabricação artesanal da farinha para satisfazer o que diz a instituição normativa implantada pelo Mapa. A data da reunião ainda não foi definida. “É uma grande preocupação que temos em relação ao que está sendo vendido, em especial sobre a fabricação artesanal das comunidades indígenas. Mas temos que colocar em prática o que preconiza a instrução normativa do Ministério da Agricultura quanto à segurança alimentar da população. Vamos colocar responsabilidade em cada entidade”, disse.
Ele afirmou que essa ação visa beneficiar a produção artesanal e que é um dever do produtor da farinha e um direito do consumidor ter as especificações do produto exposto na embalagem. “Aquela farinha vendida a granel nas feiras livres pode ser legal se atender às exigências da legislação. Nossa preocupação é oficializar essa informação através da Contag, das associações locais e dos meios de comunicação, pois isso se trata de um avanço para a venda e comercialização da farinha artesanal feita nas comunidades indígenas”, frisou. (R.R)