Em meio à crise financeira vivida no estado, o setor agropecuário tem se mostrado aquecido. Atualmente, o ramo é visto como o principal meio para tirar Roraima da economia do contracheque e formar uma nova matriz econômica voltada para exportação de soja, arroz e milho. Por conta do desenvolvimento do setor, a venda de insumos e também de equipamentos voltados à produção vem crescendo no decorrer do ano.
Dados da Secretaria do Estado da Fazenda (Sefaz/RR) apontam que houve acréscimo de 15% no comércio atacadista de máquinas, aparelhos e equipamentos para uso agropecuário (partes e peças), de janeiro a novembro de 2019, se comparado com o total do ano anterior.
Foi possível visualizar também o crescimento de 9% no comércio atacadista de mercadorias em geral, com predominância de insumos agropecuários nos últimos onze meses deste ano, em comparação com o todo o ano de 2018.
Como os dados de dezembro ainda não foram finalizados, é possível que o desenvolvimento do setor, tanto na venda de equipamentos quanto de insumos agropecuários, pode ser muito maior no fechamento do ano, acredita o economista Fabio Martinez.
“Nos últimos meses existem dados bem positivos do comércio como um todo, e é claro que estão embutidas as vendas de insumos agrícolas. É nítido esse crescimento que o agronegócio vem vivendo aqui no estado de Roraima”, apontou.
A evolução já ocorre há alguns anos, conforme Martinez. Mas este ano, em específico, ficou muito mais visível. “Tanto é que a produção agrícola, tanto a de soja, que está sendo o carro chefe aqui do estado, quanto a de milho e subprodutos, como mandioca, banana e laranja vêm tendo crescimento. Mas o que se destaca é a soja e o milho, que cresceram ano após ano a sua produção. A soja acaba puxando a compra de insumos, porque depende muito de insumos. Ela acaba necessitando comprar pra melhoria de solos, da plantação. Então isso acaba incrementando o comércio de matérias-primas agrícolas do estado”, constatou.
Os bons ventos também foram visíveis no estabelecimento de um sócio proprietário, que preferiu manter-se em anonimato. O empresário considera que a mudança climática também colaborou para o surgimento da positividade no produtor rural.
“A gente nota que o agricultor e pecuarista estão mais animados também por causa da carne que sofreu um aumento. Quanto mais ele produzir, mais ele vai ser remunerado. O clima também ajudou. Ano passado tivemos a seca e queimadas. Agora está chovendo e o pasto está verde. Então deu uma melhorada, realmente”, afirmou.
Ele destacou um crescimento de 8% a 10% este ano na venda de máquinas agrícolas, como motosserras e roçadeiras. A vinda de produtores estrangeiros também impulsionou as vendas no estabelecimento. “O pequeno produtor vive daquilo, então ele tem que produzir mais e pra isso ele precisa investir. Um dos nossos maiores crescimentos é no ramo de máquinas. Veio muito produtor de fora, que usam muito. Quem mexe com o atacado, cresceu mais por conta da Venezuela. Eu estava agora com dois clientes venezuelanos que compram aqui. Mas nós não exportamos, eles compram e levam”.
Apesar dos bons números gerais, alguns comerciantes tiveram queda, como no caso da loja em que Orlando Braga é gerente. Segundo ele, os meses de outubro e novembro, houve queda entre 5% a 6% nas vendas. Para Braga, o principal problema está na logística.
“Os impostos tem uma carga muito pesada, mas nossa logística é muito difícil. Nós dependemos de transporte tanto marítimo quando rodoviário. Por exemplo, a nossa loja tem um problema seríssimo do rio seco entre Porto Velho [RO] e Manaus [AM]. Muita mercadoria vem pelo rio, o que atrapalha muito. Então a logística torna-se difícil. Praticamente todos os produtos vêm do Sudeste. O frete encareceu muito as coisas”, reclamou.