Além da venda de produtos oriundos da Venezuela nas feiras-livres da capital, a prática tem se tornado comum também nas redes sociais. Na internet, usuários vendem de tudo, desde produtos alimentares, como maioneses, refrigerantes e sucos, a produtos de limpeza e higiene pessoal, como creme dental, sabonetes, shampoo, sabão em pó, fraudas descartáveis, entre outros itens que estão na lista de produtos não permitidos para venda aos brasileiros.
Conforme a Receita Federal, estima-se que, somente no ano passado, o Estado acumulou prejuízo mensal de aproximadamente R$ 2 milhões por conta da desvalorização das moedas, o que deixa o preço do país vizinho ainda mais atrativo. Só para se ter uma noção da diferença, o preço do pacote de 40 unidades de fralda descartável está custando R$ 25,00, enquanto o preço local sai aproximadamente por R$ 40,00.
“O produto aqui no Brasil ainda é muito caro, por isso muita gente opta por comprar o produto vindo da Venezuela. A gente sabe que isso enfraquece o comércio local, mas, infelizmente, a crise anda deixando o cidadão sem muitas opções”, comentou um consumidor que não quis se identificar.
Ciente dos problemas gerados à economia local, a Delegacia da Receita Federal em Roraima (DRF-RR) afirmou que tem intensificado suas ações de combate aos crimes de contrabando e descaminho de produtos, na sua grande maioria, vindos das fronteiras do Estado. Segundo o delegado adjunto do órgão, Roberto Paulo Santos, só este ano foram realizadas 30 operações de fiscalização, resultando na apreensão de mais de 60 mil itens que adentraram o País de forma ilegal.
“A Receita Federal atua na sociedade em várias frentes. Uma delas é a vigilância aduaneira, que seria aquela atividade rotineira e contínua nos postos de Pacaraima e Bonfim. Na maioria das vezes, essa ação ocorre em conjunto com vários órgãos do Estado. São entidades parceiras como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Superintendência Federal da Agricultura em Roraima, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Polícia Militar, Polícia Civil, entre outros órgãos do Estado que combatem este ilícito do contrabando e descaminho”, destacou.
Além da linha fiscalizatória, Santos ressaltou todo o trabalho realizado pelas equipes no sentido de orientar a população sobre os prejuízos causados pelo descaminho e contrabando. Segundo ele, as ações de Educação Fiscal são compostas por vários órgãos, entre os quais se destacam a Controladoria-Geral da União (CGU), a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), a Secretaria Estadual de Educação (Seed) e outras instituições locais.
“Se não houvesse quem comprasse esses produtos, não haveria quem se aventurasse a cometer esse tipo de crime. O grande parceiro nisso é a sociedade, seja denunciando ou até mesmo não comprando o produto. Comprando, a pessoa estará incentivando não somente esse crime, que aos olhos de qualquer leigo parece pequeno, mas que pode alimentar outros crimes por trás do contrabando, como o tráfico de armas ou de entorpecentes. Existem grandes organizações criminosas que estão totalmente aparelhadas, e são somente elas quem lucram com isso”, salientou.
Para ajudar os trabalhos dos fiscais, a população pode entrar em contato com a Receita de duas maneiras: enviando denúncias na página da Ouvidoria (sistema.ouvidorias.gov.br) ou comparecendo presencialmente na sede administrativa do órgão, localizada na rua Agnelo Bittencourt, 106, Centro. (M.L)