Cotidiano

Vendas em 2015 registraram queda, mas dezembro superou as expectativas

Associação Comercial apontou fatores como greve e instabilidade econômica como cruciais para o baixo desempenho do setor

As vendas no comércio roraimense no mês de dezembro apresentaram aumento em comparação ao decorrer de todo o ano de 2015. No entanto, na comparação com o mesmo mês em 2014, os percentuais ficaram bem abaixo do esperado. De acordo com o vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Roraima de Roraima (ACIR), Joaquim Gonçalves Filho, o balanço total que indica as perdas e ganhos do comércio local no ano passado ainda está em fase de finalização, já que a entidade se encontra de recesso. 

No entanto, ele adiantou que fatores como a greve da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), atrasos no pagamento de contratos da administração pública e os reflexos da crise econômica que atinge os demais estados do País impactaram de forma negativa no faturamento final do setor no Estado.

“O ano de 2015 foi, de fato, bastante conturbado para o comércio, pois tivemos uma série de situações. Nós tivemos os problemas na liberação de produtos para o Estado, como foi o caso da greve da Suframa; os atrasos no pagamento do funcionalismo público, responsável por movimentar 90% da economia local; a crise econômica que atinge o País inteiro e o aumento de alguns impostos. Tudo isso pesou na balança, abalando diretamente o desempenho de todos os segmentos do comércio local”, afirmou.

Filho disse que o início do segundo semestre até o mês de outubro foi considerado o período mais preocupante. No entanto, somente no final do ano, principalmente em dezembro, foi que o setor comercial começou a mostrar sinais de recuperação, graças à insistência da classe empresarial, que aproveitou o período para oferecer descontos aos consumidores. O crescimento total foi de 10%, um percentual registrado no mesmo período do ano anterior, mas que de alguma maneira trouxe ânimo para toda a classe comercial.

“Surpreendentemente, em dezembro, o faturamento do comércio deu uma melhorada. Nesse período, alguns comerciantes adotaram uma política de diversificação de ações promocionais. Uns ofereciam descontos de até 30% durante três dias, e isso fazia com que os consumidores despertassem interesse em aproveitar o momento e isso aconteceu principalmente às vésperas do Natal e Réveillon”, comentou.

Os segmentos que se destacaram nesse período foram os de supermercados, seguido de eletrodoméstico e, por último, o de vestiários. Para esse ano, as expectativas ainda são de retração, mas, segundo o presidente da entidade, a associação deverá implementar medidas que fortaleçam os seus mais de 1.200 associados.

“De alguma maneira, todo mundo quer manter o espírito de confraternização, e o consumo no final de ano está muito ligado a isso. A gente tira como exemplo a rede de supermercados. Todo mundo realiza as suas ceias. É uma tradição e, mesmo que alguns fatores tenham ocorrido, as pessoas não deixam de consumir. Nós esperávamos um fim de ano difícil, mas graças a Deus tivemos essa surpresa e a expectativa é de trabalhar com o mesmo foco para o próximo ano”, frisou.

PROMOÇÕES – Embalados pelas boas vendas do final do ano passado, muitos comerciantes já iniciaram a temporada de renovação de estoque. Produtos que ficaram encalhados no ano que se passou estão sendo oferecidos aos consumidores nos chamados “queimões de estoque”.

Esse é o caso da loja do empresário Raimundo Vasconcelos, localizado na avenida Sebastião Diniz, no Centro. “No geral, o faturamento de vendas no ano passado ficou bem abaixo do esperado, mas o final de ano foi muito bom e a gente tem que aproveitar esse momento em que o comércio ainda está aquecido. A nossa loja, por exemplo, é voltada para o segmento de calçados e, aproveitando que estamos no período de voltas às aulas, a gente vai trabalhar durante todo esse mês para oferecer descontos para os consumidores. A concorrência acirrada está batendo à porta e a gente tem que encarar como pode”, frisou.

Já outros estabelecimentos estão ainda estão formulando suas ações mais consistentes para atrair a clientela. Esse é o caso de boa parte das lojas da avenida Jaime Brasil, o centro comercial mais antigo da Capital. “Geralmente, a gente começa a pensar em realizar promoções somente no mês de março, que é justamente o mês de aniversário da loja. Ou seja, antes disso, toda a parte administrativa se reúne para trabalhar em uma campanha com direcionamento voltado para liquidações de estoque. Primeiro para o Carnaval, depois, para o nosso mês de aniversário”, ressaltou o gerente Leonardo Rodrigues. (M.L)