Cotidiano

Vendas no comércio popular estão abaixo do esperado para o fim de ano

Restando poucos dias para a chegada do Natal e Final de Ano, a movimentação de consumidores ainda é tímida

A poucos dias do início das festas de Natal e Final de Ano, o comércio popular ainda aguarda com bastante ansiedade a vinda dos consumidores. O período costuma a ser o mais lucrativo do ano em relação às vendas. No entanto, por conta da crise que atinge o País, muitos clientes parecem estar mais contidos na hora de fechar negócio.

Subgerente de uma franquia especializada em eletroeletrônicos, na avenida Jaime Brasil, Centro, Gledson Oliveira, contou à Folha que a movimentação ainda está abaixo do esperado. Segundo ele, a grande maioria está fazendo comparativo de preços, o que tem dificultado a vida de muitos vendedores.

“As pessoas estão muito receosas de começarem o ano com dívidas e a gente tenta fazer de tudo para que elas levem um produto com condição de pagamento flexível. Acho que muito desse receio é resultante da crise financeira, que tem mexido com o nosso bolso. O que nos consola de alguma maneira é que o nosso setor não foi o único afetado”, afirmou.

De acordo com Oliveira, muitos consumidores da loja têm optado pelos produtos tecnológicos, com destaque para smartphones e tablets. “Os celulares são os produtos que estão tendo maior saída, principalmente os lançamentos. Creio que por ser um presente diferenciado e pela interatividade proporcionada pelos aplicativos, muita gente tem procurado esse tipo de produto como opção de presente. A gente tem tido a procura por televisores, máquinas de lavar, centrais de ar, mas nada tão próximo dos celulares, que têm saído muito”, afirmou.

No setor de vestuários, muitos comerciantes estão fazendo de tudo, praticamente ganhando o cliente na conversa. Segundo o assistente de gerente Juscelino da Silva, além do pouco dinheiro em circulação, o aumento da concorrência com as franquias de outros estados é outro fator que tem contribuído para a queda na procura pelas lojas do Centro.

“A gente procura de todas as maneiras motivar o cliente, até por ser um período festivo, mas esse ano houve uma somatória de fatores. A primeira é a crise, que está limitando o poder de compra dos consumidores, consequentemente, comprometendo a circulação de dinheiro no comércio; e a outra é a questão da concorrência, que cresceu principalmente depois da implantação dos shoppings”, comentou.

Apesar de a situação ser considerada preocupante, Silva acredita que a liberação do décimo terceiro do funcionalismo público deva ajudar a aquecer o comércio tradicional da capital. “Geralmente, a prioridade das festas de final de ano são as roupas. Não que os calçados não tenham saída, mas a pessoa prefere gastar mais com confecções. Então, a gente espera que com esse décimo terceiro salário, que está saindo agora, tanto a movimentação quanto a formalização da compra em si, melhore um pouco”, pontuou.

Na contramão do comércio popular, as lojas de artigos personalizados parecem atrair cada vez mais a preferência dos consumidores boa-vistenses. Vendedor de uma loja no bairro São Francisco, zona Norte, Brener Caldas disse que as pessoas têm buscado inovar na escolha dos presentes, fugindo das opções tradicionais.

“A procura aumentou bastante, principalmente nesse final de ano. O que a gente tem notado é que as pessoas têm procurado inovar na hora de comprar presentes e o gosto tem sido mais por produtos diferenciados, que tragam algo de especial. A gente tem vários exemplos, como copo anti-queda, porta-retratos com design mais arrojado e as almofadas com aparências mais ‘doces’. Isso vai variando muito de acordo com o gosto do cliente”, explicou.

Segundo o comerciante, os produtos que têm dado maior retorno à loja são os porta-retratos, seguidos dos copos personalizados e os artigos para bebidas. Há também a possibilidade de montar kits personalizados que, dependendo do poder de compra do consumidor, pode estar custando até R$ 400.

“O preço vai depender muito do poder de compra da pessoa, mas há uma série de possibilidades e combinações que esse cliente pode fazer. Nós temos, por exemplo, canecas de R$ 29,90 e copos térmicos a partir de 24,90 ou copo com Mixer, que são próprios para preparar coquetéis, que vai até R$ 99,90”, destacou.

Outro setor que também tem recebido um bom volume de clientes é o de brinquedos. Segundo a vendedora Bianca Pereira, muitos consumidores estão sendo atraídos principalmente pelas promoções oferecidas pela loja, localizada no bairro São Pedro, zona Leste.

“O que tem de fato contribuído para a estabilidade do fluxo de clientes é justamente as promoções, principalmente dos itens em que o desconto é de até 50%. Nesse sentido, nós temos alguns itens do filme Frozen, que ainda está no auge, alguns carrinhos da marca Hot Wheels, que os meninos adoram, e os bonecos do Max Steel, que também são bastante pedidos. Ou seja, são brinquedos que estão dentro do valor que os pais podem levar”, salientou. (M.L)

Clientes precisam estar em alerta na hora da compra

Como é de costume em qualquer temporada festiva, muitos consumidores acabam deixando para fazer as compras no último momento e é nessas situações que a pressa pode virar uma inimiga mortal da perfeição.

Segundo o diretor técnico do Instituto de Pesos e Medidas de Roraima (Ipem-RR), Alfredo Gadelha, o consumidor deve sempre estar alerta na hora de finalizar qualquer tipo de transação.

“A gente sempre recomenda que os consumidores tenham o cuidado de verificar o que está levando para casa. No caso dos brinquedos, o recomendável é que ele veja se o mesmo possui a certificação do Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia] e também alguns itens que são importantes, que seriam o selo de faixa etária indicativa; a questão idiomática, que seria no caso daqueles produtos importados, que tem por obrigação ter um texto com a tradução das especificações e ficar atentas às informações contidas na embalagem. Quanto mais informação, mais seguro esse produto será para o consumidor”, afirmou.

Outro produto que costuma dar dor de cabeça nos consumidores são os produtos congelados. De acordo com o Ipem, o produto precisa estar dentro da validade e do peso indicado na embalagem. “Na hora que esse produto é pesado, seja um pernil ou o famoso chester, ele tem que ter o peso exato que está descrito na embalagem. Caso isso não se confirme, o cliente tem que exigir que o comerciante desconte o preço do produto, o que geralmente é feito”, destacou.

Gadelha ressaltou ainda que se o consumidor que tiver dúvida ou quiser formalizar denúncia, pode procurar a sede do órgão, que fica localizada na Avenida Surumu, 1719, bairro São Vicente, zona Sul, de segunda a sexta, de 7h30 às 13h30. Há também o telefone da ouvidoria, que é o 0800-280-9590.

“As nossas fiscalizações são feitas rotineiramente, seja por meio de programações agendadas ou por denúncias. Esse ano, por exemplo, nós realizamos várias ações e isso tem mostrado o quanto o Instituto está vigilante na defesa do consumidor. Então, qualquer tipo de reclamação ou denúncia, pode ser direcionada para esses contatos, que a gente terá o enorme prazer em atender”, concluiu. (M.L)