Cotidiano

Venezuela não cumpre promessa, mas abre fronteira parcialmente

Combustível e exportação e importação foram liberadas, mas a passagem de veículos continua proibida

A previsão de reabertura da fronteira entre a Venezuela e o Brasil, entre as cidades de Santa Elena de Uairén e Pacaraima, ao Norte de Roraima, acabou não ocorrendo. Fechada desde o dia 13 de dezembro, a barreira entre os dois países foi parcialmente aberta nesta terça-feira, 03, para o fluxo de importação e exportação de produtos e abastecimento nas bombas de combustível.

Desde o dia 20 do mês passado, a passagem havia sido liberada para pedestres circularem entre os dois países, no horário das 07h às 16h, diariamente. A medida permitiu que centenas de brasileiros, a maioria turistas roraimenses, pudessem voltar ao Brasil após ficarem dias isolados no país vizinho.

A principal restrição é quanto à passagem de veículos tanto brasileiros quanto venezuelanos entre os territórios. Os brasileiros que estiverem com seus veículos na Venezuela têm que se deslocar até Santa Elena e solicitar a autorização de trânsito junto ao Comando do Exército “Fuerte Roraima” para ingressar no Brasil, sempre às 14 horas.

À Folha, a secretária de Relações Internacionais do Governo do Estado, Verônica Caro, informou que 70% da fronteira já foi liberada. “Estamos falando com autoridades da Venezuela para ver o que podemos fazer para articular a abertura total. Por enquanto continua fechada apenas para a passagem de veículos”, disse.

Conforme ela, a bomba internacional que abastece veículos brasileiros, sob supervisão do Exército venezuelano, também voltou a funcionar. “Essa liberação foi importante, porque em Pacaraima os moradores estavam preocupados com a falta de energia e esse era o único posto na fronteira que permitia o abastecimento para brasileiros”, explicou.

As exportações e importações de produtos também voltaram a ser liberadas. “O comércio entre os dois países estava tendo prejuízo, principalmente o de Pacaraima. Os empresários estavam vendendo comida aos venezuelanos, e depois do fechamento, a cidade ficou praticamente sem ninguém. Agora que foi liberada, a situação deve melhorar”, frisou.

A secretária, que se reuniu com o comando do Exército venezuelano, disse que não há previsão para a liberação total da fronteira. “Falei com muita gente e a resposta que deram era que a única pessoa autorizada a liberar era o presidente da Venezuela e que estavam aguardando um pronunciamento para até amanhã. Até que o presidente não autorize, não abre. A expectativa é que seja aberta esta semana ainda”, declarou.

FECHAMENTO – A fronteira da Venezuela com o Brasil, entre as cidades de Santa Elena do Uairén e Pacaraima, foi fechada no dia 13 de dezembro por determinação de um decreto presidencial de Nicolás Maduro, que fechou a fronteira de seu país com a Colômbia.

O argumento do presidente teria sido para “combater as máfias” que fazem contrabando da moeda nacional, o bolívar, e também de vários produtos, inclusive gêneros alimentícios, o que estaria provocando a escassez dessas mercadorias em seu país.

Maduro, também por decreto, tirou de circulação a cédula de 100 bolívares, a maior do país. A Venezuela enfrenta a pior crise financeira de sua história e sua moeda vem perdendo valor com a alta inflação.

ITAMARATY – Em nota, o Itamaraty esclareceu que, segundo informações do Vice-Consulado do Brasil em Santa Elena de Uairén, a fronteira da Venezuela com o Brasil segue parcialmente fechada para o cruzamento de veículos.

Ressaltou que o trânsito de pedestres entre os dois países está normalizado desde o dia 20/12/2016 e que não há brasileiros retidos no lado venezuelano desde aquela data.

No caso de brasileiros que desejem cruzar a fronteira em seus veículos, da Venezuela para o Brasil, ainda é necessário que procurem o Vice-Consulado em Santa Elena de Uairén para incluir, até as 13h00,  seus nomes em lista a ser entregue às autoridades venezuelanas de fronteira.

“O cruzamento da fronteira em veículos acontece todos os dias às 14h00. O cruzamento da fronteira em veículos do Brasil para a Venezuela segue impedido, sem previsão de normalização”, frisou. (L.G.C)