Cotidiano

Venezuela reduzirá fornecimento ainda mais

Desde 2010 a Venezuela vem reduzindo o volume do fornecimento de energia para Roraima e anunciou que haverá mais corte

A revista de circulação nacional Época publicou, no domingo, matéria informando que a Venezuela notificou o governo brasileiro que não tem mais condições de manter o fornecimento de energia para Roraima nos níveis atuais e que pode reduzir as suas remessas já a partir do próximo mês.
Mais da metade da energia consumida no Estado é produzida pelo país vizinho. A Eletrobras distribuição Roraima afirmou que, até o momento, não foi informada sobre a decisão, mas que, caso ocorra a redução no fornecimento, a geração local de energia irá suprir a demanda.
Desde 2001 os roraimenses consomem energia importada da Venezuela, por meio do linhão de Guri. Até 2009, o país vizinho fornecia diariamente 200 megawatts para o Estado, mas, no mesmo ano, devido ao fenômeno climático El Niño, a média de chuvas na Venezuela ficou abaixo do normal e a reserva El Guri, uma das maiores hidrelétricas do mundo, ficou com o nível de água absurdamente baixo.
No início de 2010, a estatal venezuelana Edelca (Eletrificacion Del Caroni) reduziu o fornecimento para 140 MW. Conforme o assessor de operação, manutenção e geração da Eletrobras, Jocely Ferreira, o consumo diário da população roraimense naquela época já era maior do que o fornecido pelo país vizinho.
 “Para não deixar o Estado sem energia, o Ministério de Minas e Energia autorizou a Eletrobras distribuição Roraima a reativar as usinas termelétricas, que passaram a trabalhar em conjunto com o linhão de guri para atender a demanda”, disse.
No ano de 2012 houve outra redução. O país vizinho passou a fornecer somente 125 MW. Para atender o consumo local, as termelétricas passaram a gerar 60 MW. Atualmente a Venezuela fornece apenas 95 MW.
Para suprir a demanda, a Eletrobras informou que as usinas termelétricas de Monte Cristo e do Distrito Industrial, em Boa Vista, e Novo Paraíso, no Município de Caracaraí, serão instaladas até dezembro deste ano e atenderão a demanda do Estado até a interligação ao sistema nacional de distribuição de energia, através do linhão de Tucuruí, no Estado do Pará, no primeiro semestre de 2016.
Jocely Ferreira afirmou que não há motivo para se preocupar com a possível redução no fornecimento de energia pela Venezuela. “Assim como a população, ficamos sabendo da notícia através da revista Época, mas não há motivos para preocupação, pois desde 2010 o país vizinho vem reduzindo o fornecimento de energia para o Estado. E na mesma velocidade passamos a gerar através das termelétricas”, frisou.
Ele ressaltou que o Linhão de Guri fornece 95 Megawatts de energia ao Estado, mas que o atual consumo é de 150 MW. Para suprir a falta a Eletrobras Distribuição Roraima produz os 55 megawatts restantes. “Hoje está sendo produzida a quantidade exata de consumo, não temos reserva. Isso torna o sistema fraco, pois qualquer acidente causará uma oscilação de tensão, deixando a população sem energia”, destacou.
Conforme dados da Eletrobras Distribuição Roraima, a termelétrica de Monte Cristo terá capacidade de 97 Megawatts, a do Distrito Industrial 20 MW e a de Novo Paraíso 12 MW. (I.S)