Cotidiano

Venezuelanos continuam morando em terreno baldio de Pacaraima

Além dos casos de exploração sexual infantil, moradores de Pacaraima denunciaram também as condições de vida dos imigrantes venezuelanos que residem em um terreno baldio próximo à rodoviária do município. De acordo com o Centro de Referência de Assistência Social João Rosas de Almeida, 27 famílias vivem no local, sendo 25 homens, 25 mulheres e 75 crianças.

Por conta do aumento populacional, alguns serviços estão sendo prejudicados, como o de saúde. No Hospital Délio Tupinambá, os atendimentos, que segundo os moradores já eram precários, pioraram. “Por estarem em condições precárias, os indígenas adoecem com mais facilidade e o Hospital Délio Tupinambá não tem mais condições de abrigar os doentes”, informou uma denunciante. “Essas famílias estão em um local que tem um foco de malária e tem uma criança, inclusive, que está mal no hospital”, acrescentou.

Além disso, ela relatou que a unidade está sem alimentos e medicação e foi informada que a unidade não possui alguém que possa falar pela diretoria. “Ontem a enfermeira nos comunicou que nem comida no hospital estava tendo. Não tem diretor do hospital, pois parece que foi exonerado”, disse.

Segundo a moradora, a administração municipal está ciente da situação e tem procurado meios para auxiliar as famílias. “O município faz o que pode. Até mandou buscar os carros-fumacê para combater os mosquitos que transmitem doenças. Eles estão buscando soluções para fazer o borrifamento para tratar as endemias, mas a Prefeitura está sucateada”, afirmou.

ESTADO – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que o Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, assim como as demais unidades de saúde do Estado, tem registrado elevado crescimento de atendimentos a venezuelanos que, para fugirem da crise no país, se deslocam para Roraima, sendo o município de Pacaraima a principal porta de entrada.

”Em Pacaraima, os venezuelanos buscam avaliação médica e uma melhoria na qualidade de vida. Em comparação ao que ocorre na Venezuela, muitos viajam por várias horas e dias para receberem esses atendimentos. Além disso, os refugiados, assim como toda a população, recebem atendimento médico e toda a assistência necessária enquanto estão na unidade”, informou.

Sobre o responsável pelo hospital, a Sesau afirmou que a unidade possui pessoas qualificadas que respondem pela direção da unidade. Quanto aos remédios, o Governo do Estado informou que os medicamentos são enviados semanalmente em novos lotes para atender às unidades. No entanto, “a Sesau precisa adotar todos os trâmites previsto na Lei de Licitações, o que em alguns casos pode retardar a aquisição ou entrega de algum material ou medicamento específico”.

Por fim, o Governo do Estado informou que está reforçando as ações de planejamento, a fim de evitar o desabastecimento nas unidades. “O abastecimento de medicamentos nas unidades de Roraima passou de 23% em 2014 para cerca de 70% no ano passado. A Secretaria de Saúde está trabalhando na expectativa de melhorar ainda mais a prestação do serviço no município de Pacaraima”, concluiu a nota.

PREFEITURA – A Folha também tentou entrar em contato com a Prefeitura de Pacaraima para obter mais informações sobre a permanência das famílias venezuelanas. No entanto, até o fechamento da matéria não obteve retorno. (P.C)