Cotidiano

Venezuelanos não têm dinheiro para mandar enterrar corpos de familiares

Se os familiares não conseguirem liberar os corpos em 90 dias, os estrangeiros poderão ser enterrados como indigentes

Familiares de venezuelanos mortos estão deixando os corpos no Instituto Médico Legal (IML), no bairro Liberdade, zona Oeste, porque não têm dinheiro para pagar pelo serviço funerário. Há quase dois meses, três corpos de estrangeiros estão na “geladeira” e, se não forem resgatados pelos parentes, podem ser enterrados como indigentes, mesmo identificados.

Familiares dos mortos informaram aos servidores do IML que tentam angariar fundos para pagar o translado dos corpos até a Venezuela, mas enquanto não conseguem o dinheiro, o espaço fica cada vez menor no necrotério, que tem seis “geladeiras”, todas funcionando com gavetas. Além dos venezuelanos, o IML ainda conserva corpos dos detentos assassinados na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, no mês passado, e os restos mortais dos garimpeiros carbonizados pelos índios Yanomami, no começo deste mês.

O IML também recebe cadáveres de todos os hospitais de Roraima, inclusive o Hospital da Criança Santo Antônio, no bairro 13 de Setembro, zona Sul. Muitos pacientes que morrem por causa natural, o chamado SVO (Serviço de Verificação de Óbito), também são encaminhados para o IML.

O Consulado venezuelano não arca com despesas funerárias, segundo explicaram os servidores do IML, por isso será necessária a intervenção da Justiça para autorizar os sepultamentos, caso os parentes dos mortos não façam o resgate dos corpos no período de até 90 dias.

“As famílias já vieram aqui e trouxeram a documentação para liberar os corpos, mas elas não têm dinheiro para pagar pelo serviço funerário, nem para providenciar o translado até a Venezuela. Por isso, os corpos permanecem aqui. O problema é que só podemos conservá-los por até 90 dias, a partir da data do registro de entrada aqui do órgão”, observou uma servidora.

A diretora do IML, Marcela Campelo, disse que na próxima semana vai ao cartório para saber dos trâmites judiciais a fim de tentar solucionar o problema. Ela explicou que, no caso dos estrangeiros, existem outros trâmites a serem seguidos para a liberação dos corpos.

“O Consulado venezuelano já mandou três pedidos solicitando que a gente continue conservando os corpos. Eles estão sendo conservados. Esta é uma forma de o Governo do Estado ajudar, mas há um prazo para isso e esperamos que os familiares desses mortos consigam fazer o resgate antes de extrapolar este prazo”, frisou a diretora. (AJ)