Cotidiano

Venezuelanos são recolhidos pela Defesa Civil e encaminhados a abrigo

Mais de 200 estrangeiros foram conduzidos ontem ao ginásio esportivo do bairro Pintolândia, que agora funciona como abrigo

A Defesa Civil Estadual recolheu ontem, 27, centenas de venezuelanos, a maioria indígena, nas feiras livres e esquinas movimentadas da cidade. Eles foram levados ao ginásio esportivo do bairro Pintolândia, na zona Oeste. O prédio funciona agora como abrigo para os venezuelanos.

A Defesa Civil começou a recolher os venezuelanos na Feira do Passarão, no bairro Caimbé, zona Oeste. Lá, mais de 100 estrangeiros foram recolhidos. Eles embarcaram, por grupos, em micro-ônibus. O secretário Executivo da Defesa Civil, Tenente Coronel BM Doriedson Ribeiro, informou que a ação de retirada dos venezuelanos faz parte da segunda etapa das ações do Gabinete Integrado de Gestão Migratória (GIGM), criado para auxiliar nos trabalhos de apoio ao imigrante no Estado.

“Essa situação de imigração é algo muito novo para o Estado, e por conta disso a governadora Suely Campos determinou que a Defesa Civil Estadual se encarregasse de atuar em toda essa questão. Com isso, nós montamos o Centro de Referência do Imigrante (CRI) para que pudéssemos avaliar essa questão e, assim, traçar os próximos passos para minimizar essa problemática”, observou.

Conforme o coordenador, os estrangeiros foram transferidos para o Ginásio do Pintolândia porque o local já é utilizado para abrigar pessoas que são prejudicadas pelas enchentes e alagações provocadas pelas chuvas. Mas no abrigo, ainda segundo o coordenador, os venezuelanos terão que obedecer às regras de convivência para que o ambiente seja harmônico para todos.

Para manter o abrigo, a Justiça determinou que o Governo do Estado e a Prefeitura de Boa Vista trabalhem em parceria. A decisão partiu da Vara da Infância e da Juventude como medida preventiva às crianças venezuelanas que ajudavam os pais vendendo produtos ou pedindo dinheiros nas esquinas movimentadas da cidade.

“Além do risco da vulnerabilidade social, a gente percebe que tem algumas crianças expostas a doenças e elas precisam de tratamento. Então o abrigo serve justamente para isso. A Defesa Civil já vem desempenhando esse trabalho e a gente espera que a Prefeitura também nos auxilie. A ideia é que a prefeitura fique responsável pelo abrigo, enquanto nós, com as ações de saúde”, detalhou.

O tratamento de saúde no abrigo para os venezuelanos serve para desafogar o atendimento no Pronto Atendimento Airton Rocha, no Hospital Geral de Roraima (HGR). As últimas estatísticas apontaram que em 2014 foram atendidos 324 venezuelanos. Este ano, até ontem, foram 1.240. o que representa um aumento de 382,71%. Em 2016, os atendimentos médicos para venezuelanos já atingem o percentual de 60,25% do total de atendimentos. (AJ)
 
Venezuelanos são levados para ginásio do Pintolândia

Na Feira do Passarão, no bairro Caimbé, ontem pela manhã, havia uma grande concentração, a maioria indígenas venezuelanos. Após conversarem com o coordenador da Defesa Civil Estadual, tenente coronel BM Doriedson Ribeiro, eles arrumaram seus pertences e embarcaram em um micro-ônibus com destino ao abrigo, no bairro Pintolândia.

A expectativa, segundo o coordenador, era recolher cerca de 500 estrangeiros, grande parte indígenas, apenas naquela manhã. A retirada deles ocorreu de forma ordenada, sem incidente e por grupo. A medida, segundo Doriedson, era para evitar discussões ou confusão porque os índios venezuelanos são de várias etnias.

Na feira, os comerciantes apoiaram a iniciativa da Defesa Civil. Segundo os feirantes, os venezuelanos sujavam o local, e alguns, embriagados, faziam confusão. “Eles dormiam espalhados por aqui e sujavam a feira.

Os banheiros foram quebrados. Muitos deles bebiam muita cachaça e faziam confusão. Mas agora, com esta iniciativa do Governo do Estado, as coisas voltarão ao normal por aqui”, ressaltou José Maria Nascimento, administrador da Feira do Passarão.

MUTIRÃO – Ontem pela manhã, bombeiros, voluntários e os próprios venezuelanos limparam o ginásio. As paredes e os banheiros foram lavados. Missionárias, inclusive de outros países, improvisaram uma cozinha. Ao lado de fora do ginásio, os estrangeiros, em mutirão, capinavam e recolhiam entulhos. Um caminhão dos Bombeiros e uma carreta da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), que virou unidade móvel de saúde, davam apoio aos estrangeiros.

O tenente BM Fernando Troster, membro da Defesa Civil Estadual, informou à reportagem da Folha que hoje, 28, termina o prazo dado pelo Juizado da Infância e Juventude para retirar as crianças venezuelanas das ruas de Boa Vista. “O ginásio passa a ser abrigo a partir de hoje. As crianças venezuelanas e seus pais ou responsáveis terão café, almoço e janta. Também terão atendimento médico e odontológico. O café deve ficar por conta da Prefeitura de Boa Vista; o almoço e a janta, por conta do Governo do Estado. Assim determinou o juiz da Vara da Infância e Juventude”, disse o tenente.

Neste período natalino, observou Troster, foi arrecadada mais de uma tonelada de alimentos para os venezuelanos, além de roupas e agasalhos. O ginásio foi dividido por área para acomodar os vários grupos de etnias indígenas venezuelanas. O tenente informou que a medida é para evitar qualquer tipo de problema. (AJ)
 
Refugiados precisam de colchões
 
A coordenadora do Ministério Humanitário da Fraternidade, da Federação Humanitária Internacional, missionária Clara, disse que seu grupo, formado por 15 voluntários, só deixará a missão quando a crise na Venezuela chegar ao fim. No grupo há médicos, odontólogos, psicólogos, terapeutas e cozinheiras. Todos já trabalhavam ontem pela manhã no abrigo.

A coordenadora disse que os venezuelanos, neste momento, precisam mais de alimentos, material de higiene e limpeza e principalmente colchões. “Por enquanto, eles não têm onde deitar para dormir, mas confiamos e acreditamos na boa vontade deste povo roraimense para nos ajudar nesta nova missão”, ressaltou a missionária.

Quem puder doar comida, produtos de higiene, roupas e colchões, pode fazer a entrega no próprio abrigo, que fica no ginásio de esportes do bairro Pintolândia, bem perto da praça Augusto Germano Sampaio.

A sede da Federação fica em Minas Gerais, no sudeste do País, mas há missionários de outros países. Anteontem, dia 26, o site da Fraternidade, informou que foi feita uma triagem de roupas, alimentos e brinquedos.

Grande parte do material foi partilhada com a Pastoral da Assistência Social da Igreja Católica. Os brinquedos arrecadados foram dados a crianças carentes, venezuelanas e brasileiras. (AJ)