O Exército Brasileiro, por meio da Força-Tarefa Logística Humanitária, e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), instituições responsáveis por coordenar as ações humanitárias relacionadas à crise migratória de venezuelanos em Roraima, iniciaram na tarde de ontem, 25, o processo de transferência de imigrantes para o novo abrigo montado no bairro Nova Canaã.
Ao todo, três ônibus foram usados para transportar 350 dos quase 500 venezuelanos que foram transferidos das Praças Capitão Clóvis e Simón Bolívar para o Posto de Triagem do Palácio Latife Salomão.
Entre as pessoas beneficiadas com a transferência está Jenifer Bolívar, de 28 anos. Natural da cidade de Anaco, do estado do Anzoátegui, a ex-servidora pública contou que está em Boa Vista há cerca de uma semana e, antes, passou dois meses em Pacaraima, com o objetivo de conseguir dinheiro para seguir viagem.
“Ganhava muito bem em meu país, mas as coisas começaram a se complicar de quatro anos para cá. Não há comida, não tem medicamentos, tudo está muito caro e as pessoas estão passando fome. Vim para o Brasil com meu marido na esperança de conseguir trabalho, para poder trazer nosso filho de quatro anos para cá”, disse.
Conforme Jenifer, a chegada ao país foi tumultuada, devido ao número de pessoas na fronteira. Por sorte, ela e o marido contaram com a generosidade dos brasileiros. “Lá em Pacaraima, tivemos o apoio de muitas pessoas, já que a nossa pretensão é ir para Manaus, pois temos uma amiga por lá. No período de uma semana, conseguimos dinheiro para vir até Boa Vista. Ficamos um tempo na Praça Simón Bolívar até sermos acolhidos no abrigo. Somos gratos aos brasileiros e até gostaria, em nome de todos, pedir desculpas pelos transtornos causados pelos maus venezuelanos, porque nem todos são assim”, frisou.
TRANSFERÊNCIA – De acordo com o Exército, todo o processo envolve quase 200 militares, além do efetivo ligado às agências de apoio aos refugiados e órgãos do Estado e Município. “Esse pessoal chegou ao Latife Salomão vindos de duas praças da capital, sendo que a Capitão Clóvis foi esvaziada, ou seja, não há mais ninguém por lá. Da Simón Bolívar, nós transferimos para cá algo em torno de 250 pessoas, somando aproximadamente 500 pessoas. Algumas delas vão permanecer aqui, até que outros espaços venham a ser concluídos”, frisou o chefe de comunicação da Força-Tarefa Logística Humanitária, coronel Swami Fontes.
O coronel explicou ainda que o planejamento da Força-Tarefa prevê a instalação de mais três novos espaços, totalizando nove pontos de acolhimento na capital. Os locais, segundo ele, já estariam catalogados. “Já foi feito o reconhecimento desses locais e eles serão preparados em questão de tempo. Um abrigo desses leva em torno de cinco dias para ficar pronto. Ele tem que ter um planejamento inicial, para que ele possa ficar ideal para acolher essas pessoas”, pontuou.