As imagens chocantes de uma mãe e um recém nascido em parada cardíaca no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth foram divulgadas nas redes sociais neste sábado, 27. A vítima, natural da Guiana, veio à óbito, mas o bebê continua internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
No registro, é possível ver a paciente recebendo a massagem cardíaca de um dos funcionários da Maternidade após dar a luz e também o atendimento cardíaco ao recém-nascido, que também estava em estado grave.
Ainda não se sabe ao certo se o vídeo foi gravado por um familiar da paciente ou funcionário do hospital, no entanto, o texto que acompanha o vídeo compartilhado nas redes sociais foi supostamente escrito por um servidor, já que relatava a situação do Hospital Materno Infantil.
“Paciente jovem, primeiro filho, convulsionando. Fez parada cardíaca assim que chegou. Fizemos a cesárea pós-mortem. Recém nascido vivo, grave. Apenas dois médicos onde deveria haver cinco. Plantão lotado. Seis cesáreas pela manhã e seis à tarde, superlotado, muitas mulheres esperando para serem atendidas. Infelizmente o serviço sobrecarregado, todos desesperançados”.
O vídeo ganhou repercussão no Estado e foi inclusive divulgado pelo senador Telmário Mota (Pros) em sua rede social, com críticas à administração estadual de saúde. “Ricos tem saúde privada, os humildes morrem por falta de gestão e compromisso desse governo perdido”, declarou o parlamentar.
SITUAÇÃO DA PACIENTE – Sobre o caso, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou em nota que o Hospital Materno recebeu a paciente no sábado, 27, encaminhada com aviso prévio pelo Hospital de Lethen, República da Guiana, por causa da gravidade do quadro em que se encontrava.
Conforme as informações repassadas pelo hospital do país vizinho à Sesau, a paciente gestante chegou à referida unidade já inconsciente, não respondendo a interrogatório e em estado comatoso. Os familiares também teriam informado que, desde as 6 horas da manhã, a paciente teve crises convulsivas contínuas.
A gestão estadual afirma que ao chegar ao Hospital Materno Infantil, a paciente foi prontamente atendida, ainda em estado de choque séptico e estado comatoso. Na ocasião, a paciente foi recebida pela equipe multidisciplinar de Assistência Materno Infantil, que promoveu o atendimento de ressuscitação cardiopulmonar preconizado e adotou as medidas necessárias na tentativa de salvar sua vida.
A equipe seguiu também na tentativa de salvar a vida do bebê, realizando uma operação cesariana. Ele nasceu em parada cardíaca, com frequência cardíaca zero, sendo necessária a adoção de manobras de reanimação neonatal. O recém-nascido sobreviveu, sendo transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal.
“Em nenhum momento houve falta de médico, ou de enfermeiro, ou de técnico de enfermagem, ou de quaisquer outros profissionais necessários ao protocolo estabelecido para situações como esta. O próprio vídeo, feito sem autorização dos responsáveis pela paciente ou dos profissionais que estavam efetuando os atendimentos, divulgado de maneira leviana e irresponsável em redes sociais, mostra a equipe efetuando todos os procedimentos necessários para salvar as vidas da mãe e do bebê”, diz a Sesau.
A respeito de eventual sobrecarga de trabalho, a Direção Geral e a Direção de Enfermagem ressaltam que a superlotação do HIM, por causas anteriormente já esclarecidas, resulta no aumento do trabalho de todas as categoriais profissionais.
“A UTI está lotada. Esta lotação é sazonal e sempre de surpresa, além disso, está associada também ao fluxo migratório. Isto gera deficit de materiais e de funcionários, mas há uma busca imediata de soluções, para que nada comprometa a qualidade da assistência médico-hospitalar oferecida pela unidade”, completou a Sesau.
Sesau instaura processo administrativo para investigar gravação
Sobre o assunto, a Sesau informou que foi determinada a instauração de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar a sua autoria e divulgação, “por se tratar de uma ação eivada de ilegalidade e também de falta de respeito à dignidade humana das pessoas envolvidas, particularmente, a mãe, que faleceu, o bebê recém-nascido, que luta pela sua vida, e seus familiares”.
Além disso, o Governo do Estado informou que foi determinado o registro de um Boletim de Ocorrência na delegacia de polícia para investigar o ocorrido, por se tratar de uma ação que extrapolou o direito de expressão e de opinião, por ultrapassar a honra e a imagem da paciente e falta de respeito à dignidade humana das pessoas envolvidas nos procedimentos hospitalares. (P.C.)