Cotidiano

Violência no trânsito faz crescer número de cirurgias nos hospitais

Acidentes de trânsito e falta de investimento no setor são os motivos apontados pelo grande número procedimentos realizados

O número de cirurgias eletivas realizadas pelas unidades hospitalares do Estado cresceu neste primeiro trimestre do ano. A informação é do secretário adjunto de Saúde, Paulo Linhares, em entrevista à Folha na manhã de ontem. Além das eletivas, números de cirurgias de urgência também registraram crescimento. Segundo ele, fatores como a falta de investimentos das gestões passadas e o crescimento dos índices de acidentes de trânsito podem ter influenciado nesse aumento.
“Esse número poderia ser bem menos se as administrações anteriores tivessem feito investimento no setor. Só para termos como referência, o Hospital Geral de Roraima possui mais de 20 anos e, na época da sua inauguração, o Estado tinha apenas 250 mil pessoas. Hoje são 500 mil. Durante esses anos todos, não foi feito nenhum novo leito. O Estado dobrou de tamanho populacional e as gestões anteriores não se preocuparam em acompanhar esse crescimento”, afirmou.
Conforme os dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), só no primeiro trimestre desse ano o número de cirurgias realizadas nas unidades de saúde do Estado mais que dobrou. Em cirurgias eletivas, que são os procedimentos que podem ser postergados por até um ano, sem grandes problemas ao paciente, foram realizadas 49 operações em janeiro, 54 em fevereiro e 125 em março.
“Os meses de janeiro e fevereiro são período considerado transitórios ou de adaptação. Então, geralmente, são os que apresentam números menores. Entretanto, a tendência é sempre haver um aumento nos meses seguintes, tanto que, até o dia 21 desse mês, já foram realizadas 410 cirurgias eletivas. Ou seja, um número maior que a soma dos três primeiros meses do ano”, contabilizou.
URGÊNCIA – Em cirurgias de urgência, aquelas em que há risco de vida ou de perda de membro caso o paciente não seja operado em período de 06 horas a 24 horas, os números também apontaram aumento. Segundo Linhares, foram realizados 299 procedimento no mês de janeiro. Em fevereiro, esse número apresentou uma redução de 49 procedimentos, registrando 250 cirurgias realizadas nas unidades de saúde.  Em março, o volume voltou a crescer, contabilizando 401 atendimentos, 151 procedimentos a mais que o mês anterior.
EMERGÊNCIA – As cirurgias de emergência, que são os procedimentos que envolvem risco de vida e o tempo de espera deve ser de até seis horas, também registrou aumento nesse primeiro trimestre do ano. Em janeiro, foram contabilizados pela secretaria 454 procedimentos. Esse número diminuiu no mês seguinte em fevereiro, 402 atendimentos e voltou a crescer em março, com 565 procedimentos realizados.
Para o secretário, a solução para diminuir a grande demanda seria finalização das obras de ampliação do HGR. Segundo Paulo Linhares, com a conclusão das atividades, previstas para ocorrer no ano que vem, serão disponibilizados para a população mais 160 leitos, sendo 40 de UTI e 120 de internação.
“A secretaria tem notado boa vontade do corpo clínico e da direção do hospital. Os médicos entenderam que estamos em um novo momento. Então, eles têm se dedicado muito para que esses procedimentos ocorram da melhor forma a população. É certo que ainda há muito que se fazer, mas o governo, por meio da Sesau, tem buscado dar celeridade a esse processo”, destacou.
MEDICAMENTOS – Além das estruturas precárias das unidades de saúde, a falta de medicamentos é outra reclamação constante da população roraimense. Sobre isso, Linhares ressaltou que os processos licitatórios de medicamentos costumam ser a aquisição mais complexa, exigindo maior tempo de resposta para ser resolvido. “O medicamento é um item um pouco mais complicado de se conseguir, porque o processo licitatório é mais demorado que os demais. Não é um procedimento simples, requerendo tempo, mas é sempre importante ressaltar que a Sasau tem se empenhado para regularizar essa situação”.
GREVE – Questionado sobre o anúncio de greve na quarta-feira, 22, pelos sindicados dos profissionais em enfermagem e radiologia, Paulo Linhares disse que a secretaria está à disposição para buscar uma solução junto às duas categorias.
“Eu não participei da reunião de quarta-feira entre o sindicato com a Casa Civil, mas a Sesau esteve representada pela secretária da pasta. Antes mesmo de assumirmos, a secretaria já tinha conhecimento das reivindicações da categoria, e a mesma tem feito uma série de ações em favor do setor e também das categorias. Sobre essa questão de paralisação, nós estamos inteiramente à disposição dos sindicados para trazer soluções que beneficiem não só a classe, mas também a população”, frisou. (M.L)