A grande questão é que os pequenos, influenciados por conteúdos digitais cada vez mais acessíveis e populares, têm poucas condições de avaliar riscos e impactos. Tudo vira uma grande brincadeira.
Mesmo com um controle cada vez mais ativo de conteúdos que ameaçam a saúde e a integridade das crianças, as redes sociais nem sempre conseguem barrar todo o fluxo de informações que os menores acessam. Nem mesmo pais atentos e vigilantes para o uso que seus filhos fazem das redes alcançam 100% de sucesso. Tudo isso reforça a importância da educação digital dessas crianças, começando em casa e seguindo na escola e nas próprias plataformas digitais.
Em 2018, o desafio que circulou nos EUA foi o de ingerir cápsulas de sabão em pó usadas em máquinas de lavar, o que levou ao envenenamento e morte de pelo menos 10 crianças. Em 2019, foi a vez da exposição ao sal e ao gelo, que levou a queimaduras importantes na pele dos jovens. Em 2020, foi o jogo da inserção parcial de plugs nas tomadas e a colocação de uma moeda nas partes expostas, o que poderia causar faíscas e até provocar um incêndio. No mesmo ano, o desafio do fogo ganhou força nas redes. Os jovens colocavam um líquido inflamável na pele e ateavam fogo em si mesmos.
O adulto que lê sobre esse tipo de desafio muitas vezes não consegue levar a sério a ameaça. Parece absurdo imaginar que uma criança (principalmente seu filho) se engajaria nesse tipo de atividade. Mas acontece que, nesse limiar do jogo e da realidade, no calor do momento, na busca de ser valorizado e reconhecido pelo grupo e até mesmo no desejo de se superar e se provar capaz, esse jovem pode encontrar motivações suficientes para seguir em frente. E aí que mora o perigo.
Importância do diálogo
Começar desde cedo a trabalhar com as crianças e os jovens sobre importância de comportamentos éticos e seguros nas redes, ajudá-los a criar filtros sobre os diversos tipos de conteúdo acessado e ensinar a identificar e comunicar emoções negativas que podem aparecer com o uso das redes seria um bom começo.
Controlar o uso (sobretudo dos mais novos), denunciar ameaças e trabalhar de forma mais próxima com as escolas também é uma trilha importante. Já a área da educação precisaria investir em estratégias que confiram mais autoridade e autonomia para que os jovens possam identificar riscos nas mídias sociais e para que consigam discutir com seus pares e professores sobre o que está acontecendo. Não existe um caminho único, nem óbvio, mas esse trabalho em rede tem o potencial de atingir melhores resultados.
Fonte: Uol Notícias