Banca organizadora do concurso público da Polícia Civil, a Fundação Vunesp garantiu na tarde desta quarta-feira (10) que não houve violação das provas do certame, ao demonstrar que os exemplares são protegidos pelas seguintes camadas de segurança:
- 1. Pallet aeronáutico estrechado, coberto com rede e lacres nas pontas;
- 2. Quantidade de volumes transportados (número da origem igual ao do destino);
- 3. Lacres controlados nas portas do baú do caminhão;
- 4. Trajeto monitorado por satélite;
- 5. Malotes das provas com lacre controlado;
- 6. Sacos plásticos selados, com provas no seu interior, um por sala de aplicação.
“Pra que uma prova tivesse sido violada, teria que romper seis camadas de proteção, o que não aconteceu”, disse o diretor de Planejamento da Vunesp, Henrique Luiz Monteiro.
Em sessão pública realizada em um hotel de Boa Vista, a Vunesp fez uma destruição simbólica das provas. A reportagem da Folha se voluntariou a escolher as caixas das provas a ser destruídas durante a sessão, enquanto repórteres de emissoras televisivas locais participaram da abertura e corte dos exemplares.
Como não há empresa de reciclagem em Roraima, a Vunesp decidiu encaminhar os cortes das provas para incineração, até para preservar as informações pessoais dos candidatos, em atenção à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Segundo Henrique Luiz, o prejuízo pela destruição das provas pode chegar a R$ 500 mil.
Todas as provas dos cargos ofertados, com os conteúdos, foram publicadas no site oficial da banca organizadora. A empresa prometeu divulgar o novo cronograma oficial do concurso ainda nesta quarta-feira, garantiu que o conteúdo será inédito e que o certame será aplicado entre o final de setembro e início de novembro. “Não seríamos infantis de fazer uma prova em 15 dias e esquentar uma prova, não fazemos isso”, destacou a gerente de concursos e vestibulares da Vunesp, Miriam Lopes Girelli.
Sessão pública
Funcionários da Vunesp demonstraram o passo a passo para garantir a segurança das provas, que são monitoradas 24 horas, com dois delegados próximos de uma sala, a qual a empresa garante que ninguém tem autorização para entrar. Neste local, os exemplares estão dentro de caixas lacradas – cada uma separada por data, escola, turno e dia. Há ainda uma câmera de segurança no recinto.
Por videoconferência, o diretor da banca citou os 43 anos de história da empresa, que realiza concursos, vestibulares e avaliações de larga escala. Disse, ainda, que no ano passado, a Vunesp avaliou 2.356.180 candidatos, executou 204 projetos e recebeu 44.513.063 acessos em seu site oficial.
A decisão para adiar as provas, segundo Henrique Luiz Monteiro, foi tomada pelos quatro membros da diretoria executiva da Vunesp antes mesmo da Polícia Civil solicitar o adiamento, embora defendesse que não houve vazamento do conteúdo.
Etapas de produção da prova
- 1. Elaboração, revisão, diagramação e leitura em ambiente seguro e controlado;
- 2. Impressão em gráfica própria, com padrão de segurança compatível com as certificações de qualidade e segurança da informação;
- 3. Transporte das provas para os locais de aplicação e processo reverso de todo o material;
O transporte dos exemplares é feito via aérea, naval e rodoviária. Neste último caso, o caminhão é rastreado durante todo o trajeto.
Os volumes das provas do concurso da Polícia Civil partiram do aeroporto de São Paulo em um avião de carga com destino a Manaus. Da capital amazonense, as provas seguem em um caminhão para Boa Vista.
Quatro funcionários da Vunesp hospedados em um hotel de Boa Vista monitoravam o transporte, quando perceberam que o caminhão desviou de rota e acionaram a Polícia Militar. O caso aconteceu no último dia 1º e o veículo foi encontrado no residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, na zona Oeste de Boa Vista.
Na ocasião, a Policia Civil chegou a dizer que as datas da aplicação das provas não seriam alteradas, mas após a pressão dos candidatos, o governador Antonio Denarium (Progressistas) determinou o adiamento do concurso.
O diretor de Planejamento disse que não houve negligência da Vunesp na contratação da transportadora, pois ela já trabalha há 23 anos com a banca. “Contrataram um motorista que resolveu fazer o que fez”, disse Henrique Luiz.
*Atualizado às 17h35