Dezesseis viaturas blindadas chegaram ao complexo da primeira Brigada de Infantaria de Selva (BIS), em Boa Vista, em meio à nova etapa da crise entre Venezuela e Guiana em torno da disputa pelo território de Essequibo. A informação foi confirmada pelo Exército Brasileiro em Roraima.
Enviados pelo Ministério da Defesa, os veículos chegaram na terça-feira (2) após percorrerem mais de seis mil quilômetros pelo País. A viagem iniciada no dia 6 de dezembro, em Cascavel (PR), tinha previsão para durar 20 dias.
As viaturas blindadas multitarefas leve sobre rodas Guaicuru prometem manter a segurança na fronteira. Com a chegada dos blindados, o Estado passa a ter 28 veículos desse modelo. Batizado em homenagem a indígenas da região Centro-Oeste, o Guaicuru foi projetado para situações que incluem o emprego em operações de reconhecimento, missões de segurança e ações contra forças irregulares.
Segundo o Escritório de Projetos do Exército, o Guaicuru “possui elevado nível de blindagem”, motor a diesel, transmissão automática de seis marchas e sistema de comando e controle. Possui, ainda, estação de armas com reparo automatizado, que pode ser operado do interior do veículo, ou reparo manual. O compartimento da tripulação possui capacidade para até cinco passageiros, conta com proteção balística nível 2 e proteção antiminas.
Os veículos serão integrados ao 18º Regimento de Cavalaria, antigo 12º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado reformulado em dezembro. A transformação do esquadrão estava prevista para ser concluída em 2025, mas a situação na fronteira fez o Exército antecipar a mudança em um ano. Sendo assim, o número de militares, apenas no regimento de Boa Vista, aumentará para 600.
A transformação do regimento é realizada em fases, que incluem transferência de pessoal, distribuição de equipamentos militares e construção de instalações. A ação faz parte do plano do Exército para fortalecer a prontidão operacional e logística da brigada.
Nova crise
Em meio ao litígio sobre Essequibo, Venezuela e Guiana se comprometeram a não usar a força na disputa pelo território sob domínio guianense. No entanto, a situação voltou a ficar instável após o Reino Unido enviar um navio para a Guiana, o que para o ditador venezuelano Nicolás Maduro, soou como uma provocação. Em resposta, Maduro mobilizou 5,6 mil militares.
A Venezuela chegou a pedir que o país vizinho evitasse de se “envolver potências militares na controvérsia territorial”. O exército de Maduro, caso decida invadir a Guiana por terra, precisaria passar pelo território brasileiro, cortando Pacaraima, Normandia e Bonfim em percurso que totalizaria mais de 350 quilômetros. O Brasil, por sua vez, defende uma saída pacífica para a controvérsia.