Os Estados Unidos sinalizaram interesse em reforçar as capacidades da Força de Defesa da Guiana (GDF) após a tensão provocada pelo ditador venezuelano Nicolás Maduro, que reivindica o território guianense de Essequibo.
Em visita à Guiana nesta semana, o vice-secretário adjunto de Defesa americano para o Hemisfério Ocidental, Daniel Erikson, disse que os Estados Unidos estão comprometidos em ajudar a desenvolver a GDF “como uma instituição” com recursos para “desenvolver capacidades” e desempenhar as suas funções. Ele, no entanto, não detalhou publicamente como seria esse reforço.
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“Uma das principais formas de contribuirmos é termos equipes especializadas que trabalham em toda a região e que trabalharão com a Guiana nas próximas semanas e meses”, disse Erikson em entrevista ao Departamento de Informação Pública do País, repercutida pelo jornal News Room Guyana. Erikson defendeu que o hemisfério permaneça como zona de paz e afirmou que seu País pretende trabalhar eficazmente com os seus aliados na região.
O jornal Stabroek News detalhou que o vice-secretário adjunto americano esteve acompanhado de Amon Killeen, do Escritório do Subsecretário de Defesa americano, e do comandante do Escritório de Cooperação em Segurança da Embaixada dos Estados Unidos, tenente-coronel John Oeffinger.
A comitiva esteve com o líder do Exército da Guiana, brigadeiro Omar Khan. Segundo comunicado do GDF, Khan expressou apreço pelas relações existentes entre a Guiana e os Estados Unidos, ressaltando a importância da colaboração na abordagem de preocupações de segurança partilhadas.
Sem mencionar diretamente a visita, Maduro chegou a acusar o País vizinho de agir como uma “velha Guiana Britânica, agora colônia britânica sob as ordens dos gringos, que vão lá e fazem o que querem como se estivessem em casa. Não se metam com a Venezuela”.
Atual estágio da crise
Venezuela e Guiana se comprometeram a não usar a força na disputa pelo território sob domínio guianense. No entanto, a situação pareceu ficar instável após o Reino Unido enviar um navio para a Guiana, o que para Maduro, soou como uma provocação. Em resposta, ditador venezuelano mobilizou 5,6 mil militares.
A Venezuela chegou a pedir que o País vizinho evitasse de se “envolver potências militares na controvérsia territorial”. O exército de Maduro, caso decida invadir a Guiana por terra, precisaria passar pelo território brasileiro, cortando Pacaraima, Normandia e Bonfim em percurso que totalizaria mais de 350 quilômetros.
O presidente guianense Irfaan Ali já esclareceu que a Guiana não pretende realizar qualquer ação ofensiva contra a Venezuela, mas manifestou interesse de desenvolver as capacidades de defesa do País.
O Brasil defende uma saída pacífica para a controvérsia, não pretende permitir a entrada de militares de qualquer país para agressões e, inclusive, já reforçou a fronteira com a chegada de 16 novos blindados do Exército. O País deve sediar, em até três meses, uma nova reunião entre Maduro e Ali.