Crise Venezuela-Guiana

Venezuela é acusada de invadir Guiana e EUA ameaçam Maduro

Venezuela nega acusações e informou que se prepara para reagir a eventuais ameaças adversárias. Brasil silencia

Presidente guianense Irfaan Ali e ditador venezuelano Nicolás Maduro (Foto: Instagram Irfaan Ali)
Presidente guianense Irfaan Ali e ditador venezuelano Nicolás Maduro (Foto: Instagram Irfaan Ali)

A Guiana informou que um barco da guarda costeira da Venezuela entrou nas águas de seu domínio e abordou uma plataforma de extração de petróleo da ExxonMobil. O caso foi revelado pelo presidente guianense Irfaan Ali.

Navio venezuelano teria invadido águas da Guiana (Foto: Divulgação)

No fim de semana, o líder do País convocou o embaixador venezuelano para registrar protesto formal sobre o assunto e disse que vai denunciar o caso à Corte Internacional de Justiça (CIJ). “Continuaremos a buscar soluções diplomáticas, mas não toleraremos ameaças à nossa integridade territorial. Nossas equipes de segurança e relações exteriores estão totalmente engajadas e estamos monitorando de perto todos os desenvolvimentos”, disse Ali.

Alto escalão do Governo da Guiana se reuniu para discutir tensão após invasão de navio venezuelano (Foto: Divulgação)

De acordo com o Stabroek News, esta foi a incursão mais séria da Venezuela em relação à extração de petróleo da Guiana. O portal enfatizou que o “incidente” revelou a incapacidade guianense de rastrear e interceptar embarcações estrangeiras no extremo leste costeiro.

As Forças Armadas da Guiana declararam que, em conjunto com aliados, avalia as implicações de segurança do caso e que permanecem proativas na manutenção da estabilidade do espaço marítimo do País.

Países reagem; Brasil silencia

Por meio do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, os Estados Unidos ameaçaram “consequências” para a ditatura de Nicolás Maduro em caso de “novas provocações” e descumprimentos da decisão de 1899 que favorece a Guiana no domínio sobre o território de Essequibo, que representa 74% do território guianense.

“Os navios venezuelanos que ameaçam a unidade flutuante de produção, armazenamento e descarga (FPSO) da ExxonMobil são inaceitáveis e uma clara violação do território marítimo internacionalmente reconhecido da Guiana”, afirmou.

O Caricom (Comunidade do Caribe), formado por 15 países, a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o Paraguai também condenaram a suposta invasão venezuelana. Até o momento, o Brasil não emitiu nenhum comunicado oficial sobre o caso. A França, por meio do Ministério das Relações Exteriores, pediu que a Venezuela respeite o acordo feito em 2023 com a Guiana para não usar a força durante o litígio.

Venezuela nega e prepara reação

A Venezuela, através das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, negou as acusações do presidente da Guiana sobre a passagem do Navio-Patrulha Oceânico AB GUAIQUERÍ (PO-11), em águas pendentes a serem delimitadas.

O comunicado assinado pelo ministro do Poder Popular para a Defesa, Vladimir Padrino López, esclareceu que a Marinha do País constatou, por imagens de satélite, a presença de 28 navios-sonda e petroleiros na área disputada que estariam violando o Direito Internacional com atividades de exploração e venda de hidrocarbonetos.

“Somos um país atacado por representantes do imperialismo norte-americano como a ExxonMóbil”, diz o texto, o qual enfatiza que a Guiana não tem base legal para dominar uma área onde não pode exercer nem soberania, tampouco jurisdição.

“Frente a estas incessantes investidas, a instituição armada, fiel a sua natureza anti-imperialista, se prepara em perfeita fusão popular militar policial para responder a qualquer ameaça e preservar a integridade territorial e paz da República”, finalizou.

Perfil Lucas Luckezie
Lucas Luckezie Jornalista
Jornalista
Iniciou a carreira na Folha, empresa na qual está em sua segunda passagem. Também já trabalhou na Câmara Municipal de Boa Vista e na afiliada da TV Globo em RR.
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