Após acordo por continuação de diálogo sobre a disputa por Essequibo, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Mohamed Irfaan Ali, presidente da Guiana, encerraram a reunião diplomática de quase 6 horas nessa quinta-feira (14), em São Vicente e Granadinas, país caribenho. De acordo com o professor e Doutor em Relações Internacionais, Reginaldo Gomes, os países não devem definir algo pela região tão cedo.
Procurado pela FolhaBV para apontar atualizações sobre a tensão vivida há cerca de dois meses pelos dois países, Gomes explicou que uma decisão sobre o pertencimento de Essequibo não é pretendido pelos líderes. Isso porque nenhum dois pretendem abrir mão da região.
“Eu acredito que essa questão não chegaria a um final. Porque o Maduro, apesar de dizer que quer paz, ele não quer abrir mão do que hoje pertence à Guiana. E, o Irfaan Ali reconhece que esse território não está em disputa e que já foi definido pelo tratado de Paris em 1819”, pontuou o professor.
Para Reginaldo, também não é possível afirmar que a Venezuela está com armamento bélico em condições para uma invasão, além de que, “por conta das dificuldades em chegar a esse espaço [Essequibo] de maneira física, seria um desgaste”.
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Participação na exploração do petróleo
Apesar do futuro incerto sobre Essequibo, Maduro pode solicitar uma participação na exploração do petróleo e gás na região. Essa é uma possibilidade analisada pelo professor.
“É outra questão que está em jogo. Eu acredito que isso também é uma tentativa do Maduro em se beneficiar. Se ele não puder ficar com a terra, então em participar dessa exploração como uma empreiteira convidada, como os Estados Unidos e a China”, explica.
‘Mascarar’ a eleição venezuelana
Ainda segundo o especialista, é possível que a reivindicação de Nicolás seja uma forma de “mascarar” o processo eleitoral previsto para 2024 no país venezuelano. Para Reginaldo Gomes, com uma possibilidade de conflito, inclusive armado, o governo da Venezuela tira a atenção das organizações internacionais das eleições do país para algo que não se resolverá rapidamente, como acontece há mais de 100 anos.