A instalação do porto seco em Boa Vista foi autorizada após a realização de um Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica, conduzido pela Receita Federal. Com essa estrutura, será possível fortalecer a exportação de mercadorias produzidas em Roraima, que poderão ser acomodadas em contêineres para exportação. Agora a iniciativa segue para a fase de licitação.
O projeto foi inicialmente apresentado em dezembro de 2022 pela Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação (Seadi). O estudo foi financiado pela Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER), tendo em vista que é uma demanda da indústria roraimense. Segundo o auditor e delegado da Receita Federal, Roberto Paulo da Silva, que atuou viabilização do projeto, a implementação do porto seco irá trazer benefícios.
“A implementação de um porto seco em Boa Vista pode trazer inúmeros benefícios econômicos, logísticos e de desenvolvimento regional, mas também apresenta desafios que precisam ser cuidadosamente gerenciados. Com planejamento adequado e investimentos estratégicos, o porto seco pode se tornar um catalisador para o crescimento sustentável e a modernização da infraestrutura logística na região”
Roberto Paulo da Silva
O secretário de Atração de Investimentos de Roraima, Aluizio Nascimento, explicou que o projeto se encontra agora na fase de licitação e deu uma previsão de um ano para sua implantação e funcionamento.
“Com o projeto aprovado, porque demonstrou viabilidade técnica, o próximo passo é gerar o processo licitatório feito pelo Governo Federal, também por meio da Receita Federal, que deve ficar pronto em, no máximo, 60 dias. E daí, geralmente, a implantação, para funcionar de fato, é de um ano. A parte mais difícil já conseguimos”
Aluizio Nascimento
Emerson Baú, economista e superintendente do Sebrae-RR, que estava à frente da Seadi no lançamento do projeto, destacou a importância do porto seco para a economia e o desenvolvimento de Roraima, especialmente para os pequenos empreendedores.
“O porto seco vai ser uma grande conquista para Roraima, já que não tivemos a implantação efetiva da zona de exportação que ficou por anos na expectativa. Isso impacta no comércio exterior porque vai permitir que a gente tenha uma estrutura preparada para fazer a recepção de carga e os devidos despachos aduaneiros e dali sair lacrada para poder atingir o mercado destino”
Emerson Baú
Baú também ressaltou os benefícios para as pequenas empresas. “Para os pequenos, ele poderá fazer a armazenagem e logística compartilhada. Ou seja, as pequenas empresas que não possuem capacidade de encher um contêiner poderão ter condições de exportação. As atividades primárias que este porto seco vai ter, de transporte, gestão de estoque e processamento de pedidos, são essenciais para que a gente possa desenvolver o comércio exterior em Roraima e ainda incluir as atividades de armazenagem e manuseio de materiais, embalagens e aquisição de suprimentos”, completou.
A presidente da Fier, Izabel Itikawa, destaca o compromisso da federação em criar um ambiente favorável para os negócios em Roraima.
“O trabalho realizado pela FIER buscou oferecer subsídios técnicos para os órgãos responsáveis pela análise de viabilidade de implantação de um porto seco, de modo a agilizar a tomada de decisão governamental. Contribuir para a criação de um ambiente favorável aos negócios, foi um dos objetivos perseguido pela federação para a execução desse estudo que certamente, agregou valor ao processo da comissão instituída para análise de viabilidade”
Izabel Itikawa
O que é um porto seco?
Um porto seco, ou estação aduaneira, é um terminal intermodal interno diretamente conectado por rodovia ou ferrovia a um porto marítimo. Esse tipo de estrutura opera como um centro de transbordo de carga vinda do mar para destinos interiores. Além de sua função no transbordo de carga, os portos secos podem incluir instalações para armazenamento e consolidação de mercadorias e manutenção para transportadores de carga rodoviária ou ferroviária.
A localização de um porto seco pode aliviar a competição por armazenamento e espaço alfandegário nos portos marítimos, acelerando o fluxo de carga entre os navios e as principais redes de transporte terrestre. Isso melhora o movimento de importação e exportação, movendo os processos demorados de contêineres para o interior, longe de portos marítimos congestionados