A Pesquisa Nacional d Amostras de Domicílio (Pnad) divulgou outro ponto relevante para o Estado de Roraima. A proporção de domicílios com Bolsa Família no Estado caiu de 21,6% em 2016 para 18,7% em 2018.
Em todo Estado, 18,7% dos domicílios particulares permanentes recebiam, em 2018, dinheiro referente ao Programa Bolsa Família. Esta proporção foi de 21,6% em 2016, o que mostra uma queda acentuada no número de famílias que deixaram de receber o benefício, sem citar números absolutos de famílias beneficiadas.
“A pesquisa mostra que desde o ano de 2016 que o número de domicílios que recebem este benefício vem caindo em Roraima. E a Pnad mostra que as famílias que recebiam o benefício moravam em localidades com menos acessos a serviços básicos de saneamento, esgotamento e água tratada”, disse.
“Estes números retratam apenas sobre o Bolsa Família do Governo Federal. Não cita os programas sociais do Governo do Estado”, afirmou.
Para o sociólogo Linoberg Almeida, a mudança de gestão na presidência da república pode ter influenciado diretamente na queda do número de beneficiários.
“Os programas de transferência de renda, inclusão e cidadania dependem, além da iniciativa e filosofia de gestão, de fatores como recessão econômica, inflação, de como a matriz econômica e a política macro-econômica se desenrolam, e do cenário político vigente. Entre 2015 e 2019, vivemos uma guinada do que chamamos de sistema de proteção social com três presidentes e perspectivas diversas sobre o combate à desigualdade. Em Roraima, vivemos um vazio na renda condicionada com o fim programas locais, sem substituto até o momento”, disse.
A Pnad aponta ainda o perfil das famílias que recebem o Bolsa família no Estado. Destes, 74,1% tinha abastecimento de água de rede geral; 20,7% tinham esgotamento sanitário com rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral; 69,3% tinham coleta de lixo.
O mesmo comportamento foi verificado em relação à posse de bens. Entre os domicílios que recebiam o programa Bolsa Família, 94,1% possuíam geladeira; 40,9% máquina de lavar; 13,8% microcomputador. Entre os que não recebiam, os percentuais foram, respectivamente: 94,4%; 67,1%; e 40,7%.
Já o Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS) era recebido por 5,1% dos domicílios de Roraima em 2018 e caiu 0,9% da proporção observada em 2017.
DESIGUALDADES
Em Roraima, o Índice de Gini, que mede o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos, que varia de zero (igualdade) até um (desigualdade máxima), foi estimado em 0,485 em 2017 e passou para 0,543 em 2018, registrando o maior crescimento de desigualdade depois do Estado de Rondônia.
A Pnad citou ainda que a massa de rendimento mensal real de todos os trabalhos da população ocupada em Roraima, em 2018, era de aproximadamente R$ 504 milhões, 25,1% acima do valor registrado em 2017. Aumentou 19,% o rendimento médio mensal real domiciliar per capita em Roraima. O rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 1. 196, em 2018, e R$ 1.005, em 2017.
Para Linoberg Almeida, Roraima segue com a desigualdade proporcionada pela concentração de renda nas mãos de poucos e citou também a migração.
“Qualidade de vida, desemprego, precarização do trabalho, a informalidade, a questionável qualificação das pessoas e empregabilidade na área de formação e a dependência de programas sociais são elementos a serem levados em conta. Vale lembrar que aposentados estão sustentando mais pessoas com sua renda, além do fator situação migratória que vivemos nesses tempos de crise”, disse.