Brasil segue um modelo insustentável, diz chefe do Sebrae sobre 55 mi sustentarem 148 mi

Para Emerson Baú, soluções para mudar esse cenário passam pela capacitação e o potencial transformador da Educação

O superintendente estadual do Sebrae-RR, Emerson Baú, durante entrevista ao programa Agenda da Semana, da Folha FM (Foto: Folha FM)
O superintendente estadual do Sebrae-RR, Emerson Baú, durante entrevista ao programa Agenda da Semana, da Folha FM (Foto: Folha FM)

O superintendente estadual do Sebrae-RR, Emerson Baú, afirmou nesse domingo (11) que o Brasil segue um modelo econômico insustentável e destacou as principais soluções para mudar esse cenário. As declarações foram feitas durante o programa Agenda da Semana, da Folha FM (confira a entrevista completa ao final da reportagem).

Apresentador da atração, o economista Getúlio Cruz iniciou a entrevista ao apresentar a realidade brasileira, com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em que o País possui, atualmente, 203 milhões de habitantes. Desses, 43 milhões são empresários, empreendedores e funcionários e 12 milhões são servidores públicos.

Esse grupo de 55 milhões de trabalhadores é responsável por sustentar outras 148 milhões de pessoas: 56 milhões de beneficiários do programa Bolsa Família, 53 milhões de crianças e adolescentes até os 18 anos e 39 milhões de aposentados, pensionistas e recebedores de outros auxílios.

Além disso, Getúlio Cruz destacou que o Brasil gasta R$ 128 bilhões para remunerar assessores de 27 governadores, 513 deputados federais, 81 senadores, 5.570 prefeitos, sem contar os milhares de vereadores e deputados estaduais.

Emerson Baú comparou esse cenário com o de uma família chefiada por um pai, com quatro crianças, dois idosos e uma empregada com salário mínimo. “Em algum momento, ele não vai dar conta de pagar. A mesma coisa é o Brasil. Não é um problema de governo, é um problema de estado. Nossa estrutura está sendo trabalhada para que não consiga o desenvolvimento sustentável”, lamentou.

“A carga sobre aqueles que geram, que provêm o valor ativo, a agregação de valor pra sociedade, fica muito pesada. E desses 43 milhões, em torno de 30 a 35 milhões são pessoas assalariadas, que são funcionários dessas empresas, pessoas no limite de sua capacidade de sobrevivência”, disse, criticando também os descontos na folha de pagamento.

Soluções

Baú defende uma revisão geral de beneficiários de programas sociais no Brasil, porque o benefício, na opinião dele, é serve para manter provisoriamente a pessoa que, em determinado momento da vida, não consegue gerar renda. Para ele, são necessárias políticas sociais, incluindo a capacitação, para transformar, com prazo definido, a dependência das famílias do Estado em autonomia para elas gerarem renda dentro de casa.

O chefe do Sebrae-RR também acredita no potencial transformador da Educação na vida das pessoas, que precisam de paciência para colher os resultados. “Uma semente planta agora e serão nossos filhos e netos que vão colher”, afirmou.

Emerson Baú também defendeu que Roraima seja transformado em um polo forte de pesquisa, ciência e inovação. “Podemos fazer uma transformação na viabilidade do Estado. Uma transformação onde consigo pegar a nossa produção local, as nossas características e fazer delas um trabalho diferenciado […]. Precisamos gerar conhecimento, informação, pesquisa”, declarou.

Baú defende a privatização do Correios

Na entrevista, Baú também criticou a retirada do plano de privatização do governo federal da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios), principalmente porque já não existem mais cartas, nem telegramas, e que o setor privado atualmente já se especializou no serviço de entrega de encomendas.

“O Correios precisa fechar? Não sei. Pode se remodelar? Pode! Pode estar em outra área de atuação, pode usar os funcionários dali, com certeza. Precisa dessa discussão para construir um País que tenha essa sustentabilidade”, avaliou.

Agenda da Semana – 11/08/2024