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A preparação de Roraima para a COP30 passa pela ampliação das parcerias estratégicas e pelo fortalecimento da infraestrutura, fatores essenciais para atrair investimentos e ampliar a presença do estado no cenário internacional. A avaliação é de Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio da Amazônia Legal, em exclusiva à Folha.
Brito, que esteve em Boa Vista nesta semana para reuniões com representantes do governo estadual, destacou a necessidade de articulação entre diferentes esferas para que o estado aproveite as oportunidades geradas pelo evento climático. “Roraima tem que trabalhar em conjunto com o governo federal para fazer as parcerias adequadas nos seus parceiros internacionais”, afirmou. Segundo ele, o acesso a novos investimentos depende de um ambiente favorável, com segurança jurídica e projetos bem estruturados.
Entre as prioridades apontadas, está a ampliação da infraestrutura, especialmente a ligação rodoviária com a Guiana. A obra, segundo Brito, é fundamental para impulsionar o comércio exterior e tornar o estado mais competitivo.
“O asfaltamento desse Estado até o porto da Guiana é a condição sine qua non [indispensável, no português] para o desenvolvimento de Roraima. E se isso acontecer, ou quanto mais cedo acontecer, mais internacional Roraima ficará e mais acesso terá ao mundo. Então, eu diria que de todas as obras possíveis e imagináveis em benefício de Roraima, essa ligação com a Guiana, com uma estrada decente, asfaltada, como tem do lado brasileiro, seria a obra mais premente aqui para o futuro do Estado”, destacou o secretário.
O secretário destacou ainda que outros estados da Amazônia Legal avançaram na captação de investimentos ao longo da última década e que Roraima precisa acelerar esse processo. “Estão buscando os parceiros corretos, e acredito que Roraima pode pavimentar um modelo mais célere, como já fizeram Acre e Pará”, afirmou.
Para Brito, a COP30 deve ser encarada como uma oportunidade de articulação estratégica, ainda mais porque o evento é voltado para o clima mundial e não questões brasileiras ou da Amazônia. A expectativa é que o estado apresente suas potencialidades e reforce sua posição na agenda de desenvolvimento sustentável, atraindo investimentos para infraestrutura e inovação.
“A gente precisa ter a inteligência de saber apresentar, aproveitar esse momento, onde os líderes políticos mundiais, onde os líderes da economia mundial, do empresariado, estarão no Brasil. Para que a gente possa, nos eventos paralelos, discutir quais são os problemas brasileiros e quais são as saídas para eles”, concluiu.
Situação da pavimentação entre Roraima e o porto da Guiana
A ligação rodoviária entre Roraima e o porto de Georgetown, na Guiana, é considerada estratégica para o comércio exterior do estado, mas ainda enfrenta desafios estruturais. A BR-401, que conecta Boa Vista à fronteira com a Guiana, está pavimentada até Bonfim. No entanto, do lado guianense, a estrada que segue até o porto de Georgetown tem trechos sem asfalto, dificultando o transporte de mercadorias.
A pavimentação da estrada Lethem-Linden, na Guiana, está em andamento por meio de um acordo entre os governos brasileiro e guianense desde 2017, mas até hoje não foi concluída.