Economia

Como a elegibilidade de Lula impacta na bolsa de valores

O analista Matheus Lima faz uma análise sobre o impacto com as anulações das condenações do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com o mercado financeiro

O mercado financeiro, mais especificamente de renda variável, por mais que envolva muitos números e cálculos, é uma área de humanas, pois representa nada mais que o sentimento humano que gera oferta e demanda de ativos financeiros. Logo, algumas notícias podem gerar uma euforia ou pânico no preço das ações.

Essa semana tivemos um caso perfeito de notícia que gerou uma onda de pessimismo no mercado de ações. O Ministro do STF, Edson Fachin, anulou todas as condenações do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pela Justiça Federal do Paraná guiada pelo ex-juiz Federal, Sérgio Moro. Essa anulação torna Lula elegível novamente em 2022 caso o plenário do Supremo avalie a decisão coerente.

Lula é o candidato que tem mais chances de vencer uma corrida eleitoral contra Bolsonaro, e a possibilidade de uma candidatura estressou o mercado pelo simples fato de existir um cenário em que ele consiga se eleger. Mas esse estresse não é por acreditarem que ele não sabe administrar ou algo do gênero, mas por estarmos falando de um governo de esquerda assumindo a liderança do Brasil e, em todas as vezes que isso aconteceu, as ações da Bovespa pesaram muito.

Momentos antes da notícia, o índice que representa as maiores ações da Bovespa vinha de uma queda tímida de -0,60% mas no instante que a notícia saiu o IBOV acelerou fortemente uma queda, levando a nossa bolsa brasileira, em poucos minutos, a fechar com uma queda de -5,60%, somente com a possibilidade de uma candidatura do ex-presidente.

A forte concorrência cada vez mais próxima levanta temores de que o atual presidente Bolsonaro possa começar a apresentar comportamento mais populista para aumentar suas chances de reeleição. Medidas essas que normalmente são muito custosas para a União, que já vem sofrendo com temores de romper o teto de gastos com auxílios emergenciais, entre outras despesas da administração pública.

Um presidente de esquerda no poder pode significar mais uma onda de baixas nas ações como vimos no governo Dilma. Portanto, o investidor holder deve ficar sempre ligado nessas reviravoltas de projeções econômicas e políticas.