
A diferença salarial entre homens e mulheres em Roraima apresentou leve recuo, conforme dados do 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios divulgados pelo Governo Federal. De acordo com o levantamento, a defasagem caiu de 18,67% para 18,46%, uma redução de 0,21% desde a última sondagem, realizada em setembro de 2024.
A pesquisa considerou informações de 91 estabelecimentos no estado. A média salarial das mulheres em Roraima é de R$ 2.167,97, enquanto a dos homens é de R$ 2.658,86. No cenário nacional, a diferença entre os rendimentos aumentou 0,18%, chegando a 20,87%.
A pesquisa também destaca desigualdades raciais. No Brasil, mulheres negras recebem, em média, R$ 2.864,39, valor 38% inferior ao das mulheres não negras, cuja média é de R$ 4.661,06. Em Roraima, a diferença é menor: mulheres negras têm rendimento médio de R$ 2.104,27, enquanto mulheres não negras recebem R$ 2.355,78 – uma diferença de 10,7%.
Participação no mercado de trabalho
O relatório mostra avanços na participação das mulheres negras no mercado de trabalho, que cresceu 18,2%, passando de 3,2 milhões para 3,8 milhões de trabalhadoras. Também houve queda no número de estabelecimentos com até 10% de mulheres negras, de 21.680 para 20.452.
Outro dado positivo é o aumento de empresas em que a diferença salarial média entre homens e mulheres é de até 5%.
Estabilidade e ocupações
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Segundo a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Paula Montagner, a participação da massa salarial feminina passou de 35,7% em 2015 para 37,4% em 2024. Ela avalia que a estabilidade está ligada à permanência de remunerações mais baixas para mulheres, apesar do crescimento da presença feminina no mercado de trabalho.
De 2015 a 2024, o número de mulheres ocupadas subiu de 38,8 milhões para 44,8 milhões. Já o número de homens ocupados aumentou de 53,5 milhões para 59 milhões.
Em relação às ocupações, o relatório aponta que mulheres diretoras e gerentes recebem 73,2% dos salários de homens na mesma função. Profissionais com nível superior ganham 68,5% e trabalhadoras de serviços administrativos, 79,8%.
Cenário por estado
As menores desigualdades salariais entre homens e mulheres foram registradas em Pernambuco (9,14%), Acre (9,86%), Distrito Federal (9,97%), Piauí (10,04%), Ceará (10,21%) e Alagoas (11,08%). Por outro lado, os maiores índices estão no Paraná (28,54%), Espírito Santo (28,53%), Santa Catarina (27,96%) e Rio de Janeiro (27,82%).
Iniciativas de combate à desigualdade
Durante o lançamento do relatório, nesta segunda-feira (7), o Governo Federal apresentou o Guia para Negociação Coletiva da Lei de Igualdade Salarial, com recomendações para os processos de negociação coletiva. Também foi lançado o Movimento pela Igualdade no Trabalho, que conta com a adesão de empresas e entidades sindicais dos setores bancário, industrial e outros. O manifesto “Eu Apoio o Movimento pela Igualdade no Trabalho” está disponível para assinaturas na página oficial da iniciativa.
A divulgação dos dados ocorre no contexto da Lei nº 14.611/2023, que trata da igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres. A legislação exige que empresas com mais de 100 funcionários adotem medidas para garantir equidade, como transparência nas remunerações, canais de denúncia, ações de diversidade e apoio à formação profissional.
Além disso, foi publicada no Diário Oficial da União de 8 de abril a Portaria Conjunta que institui o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens. A iniciativa, válida até 2027, será conduzida por um comitê gestor e envolve onze ministérios com foco na ampliação da presença feminina no mercado de trabalho, promoção de lideranças e combate à discriminação no ambiente profissional.