Nessa terça-feira (2), o dólar alcançou a máxima de R$ 5,70, encerrando o dia cotado a R$ 5,66, o maior valor desde 10 de janeiro de 2022, quando fechou em R$ 5,67. Além disso, a moeda americana registrou uma alta de 6,47% apenas no mês de junho e acumulou um aumento de 15,15% no primeiro semestre de 2024. Mas, como isso impacta no dia a dia e no mercado empreendedor?
O dólar em alta representa uma desvalorização do real, que vai impactar em aumento dos preços de itens básicos, como o pão francês, a gasolina e eletrodomésticos. Isso porque, segundo o economista, Emerson Baú, a matéria-prima (gasolina), bens intermediários e finais, como eletrodomésticos, são importados com alto valor, que consequentemente acabam pesando no bolso do consumidor final: a população.
“Quando a gente faz essa importação, como o dólar aumentou, esse produto chega caro aqui no Brasil e a gente já está sentindo isso. Se você for [nas lojas], alguns produtos já começaram a alterar os valores e você já vai sentir uma diferença de preço do que era a dois, três meses atrás”, disse Baú.
No entanto, esse peso no bolso pode aumentar ainda mais quando empresários que exportam matéria-prima, como arroz, milho e trigo, passam a vender mais para o comércio exterior.
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“Antes ele vendia o produto dele por um dólar onde recebia R$ 5. Agora ele vende pelo mesmo dólar, recebe R$ 5,60. Então, muitas vezes ele vai deixar de vender para o mercado interno e vai vender para outros países e com isso, ou ele vai aumentar o [preço do] produto interno para compensar vender para dentro do Brasil ou haverá escassez. Essa escassez é a diminuição da oferta. Havendo a diminuição da oferta, e a demanda continuando igual, consecutivamente o valor dos produtos vai aumentar. Então a população é impactada nos dois aspectos”
É um bom momento para empreender?
Todo momento é um bom momento para empreender, desde que o empresário e o microempresário saiba olhar o mercado financeiro e planejar. De acordo com o economista Emerson Baú, é necessário utilizar mecanismos para amenizar esses impactos do dólar alta e, em alguns casos, não deixar a oportunidade passar. Confira o áudio.
Incertezas na economia
Entre os principais fatores que explicam a alta da moeda americana estão as incertezas econômicas globais. No panorama internacional, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, tem sinalizado possíveis aumentos nas taxas de juros como medida para conter a inflação. Isso torna o dólar mais atraente para investidores e aumenta a demanda pela a moeda.
No Brasil, o desempenho econômico também tem sua parcela de influência. A combinação de baixo crescimento econômico, inflação alta e incertezas políticas tem afetado a confiança dos investidores, resultando em uma fuga de capitais.
Ontem, o mercado reagiu novamente às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em entrevista a uma rádio da Bahia, Lula afirmou que tomaria providências em relação à alta recente do dólar ante o real, mas não detalhou as medidas.
Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que o governo pretenda reduzir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cambial como forma de segurar a alta do dólar. “Não há intenção de alterar o IOF neste momento. Estamos focados em outras medidas para garantir a estabilidade econômica”, afirmou Haddad em coletiva de imprensa.