O empresário e produtor rural Paulo César Quartiero participou neste domingo (21) do Programa Agenda da Semana, transmitido simultaneamente pela Rádio Folha, nas ondas da 100,3 e YouTube para falar sobre o atual cenário econômico no setor primário.
Atualmente, Quartiero mora em Marajó, no Pará, após perder as terras em Roraima para demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em 2009. Ainda no Estado, foi prefeito da cidade de Pacaraima, Norte de Roraima, ex-deputado Federal e ex-vice-governador (2014). Em Marajó, fundou fazenda com produção de cinco mil hectares de arroz por safra.
Em passagem pelo Estado nessa semana, percebeu a diferença na Capital e em cidades do interior. Citou como exemplo a ampliação do aeroporto internacional de Boa Vista, organização e beleza das cidades. Admirou-se com o aparato tecnológico utilizado nas lavouras locais e lembrou-se dos tempos em que era considerado um dos pioneiros na rizicultura.
Com visão voltada a análise econômica da região, Quartiero ressalta para as urgências em soluções de problemas considerados crônicos e que engessam o desenvolvimento do Estado como os problemas energéticos, de logística, territorialidade, considerado por ele um dos mais graves, e a posição geográfica, única impossível de mudar. “Eu costumo dizer, lugar fim de linha não vai pra frente”, e lamentou o fechamento da Venezuela e a esperança de ter a Guiana como escape para o desenvolvimento.
“Logística eu acho que só a [BR] 174 não vai resolver, precisávamos da [BR] 319, de Manaus a Porto Velho, isso daria um pulso extraordinário para cá, ganho de tempo e dinâmica. A nossa força política tinha que está unida com a do Amazonas para tornar a [BR] 319 uma excelente rodovia”, falou o produtor.
Mas, o assunto que mais chama a atenção de Paulo Quartiero ainda é a limitação de terras produtivas. Para ele, é impossível pensar em expansão agrícola com apenas 6% de área disponível. “Como permitimos que o Governo Federal nos roubasse o Estado? A agricultura vai crescer e vai precisar de espaço, precisamos de uma agricultura forte para manter o Estado. O que mantem o estado hoje são as remessas do Governo Federal, a principal fonte de renda é o funcionalismo. Mas se o Estado quiser crescer não vai poder depender disso”, declarou.
Além de aumentar o uso de solo, na visão do empresário, outro boom na economia seria a legalização do garimpo. “Consolidar com o uso das riquezas e aqui a principal solução para Roraima chama-se garimpo. O garimpo criou Roraima e agora querem transformar os garimpeiros em bandidos, frisou.
Ao passar por Normandia, Leste de Roraima, Paulo César Quartiero disse não ter visto evolução, pois a promessa há 15 anos seria entregar terra aos indígenas para produção. “Está a mesma coisa. Os índios tem que aprender a usar tecnologia”.
Sobre a situação de embargo da propriedade no Pará, Quartiero afirmou que se trata de pressão e perseguição, e que a alternativa foi se afastar e deixar para a família administrar até os problemas serem resolvidos”, contou.
Questionado pelo apresentador Dr Getúlio Cruz se pretende retornar a vida política, Quartiero não deixou claro suas pretensões. “Eu não tinha interesse nenhum, mas é algo que… sei lá. Mas sinto necessidade de falar. A política dá a oportunidade falar, de contar as histórias de Roraima”.