Economia

Ibovespa imune ao Coronavírus

Matheus Lima, 26 anos, pós-graduando em Gestão Financeira pelo INSPER, analista CNPI-T, investidor na Bolsa de Valores

A reportagem especial desta segunda-feira (21), sobre investimentos, assinada pelo analista Matheus Lima, traz como tema “Ibovespa imune ao Coronavírus”.

Ibovespa imune ao Coronavírus

2020 vai ficar para a história, não só do Brasil, mas no mundo inteiro. Vivemos uma das piores crises da humanidade causada pela pandemia da COVID-19, vimos grandes empresas fechando suas portas, pedidos de seguro-desemprego batendo recordes, organizações listadas na Bolsa de Valores tendo suas cotações desvalorizadas em mais de 80% em poucos dias, entre tantos outros fatos assustadores. Mas o que muitos não esperavam era que alcançaríamos os patamares que estamos hoje em tão pouco tempo.

Nas crises passadas, como a do Subprime (2008) por exemplo, foram acontecimentos pontuais de setores que acabaram pesando na economia em geral por causa do pânico causado, mas tecnicamente tudo continuou normalmente, diferentemente da crise causada por esta pandemia, que fez o mundo, literalmente, parar. Escolas e Universidades fecharam, aeroportos com aviões estacionados e todas as pessoas de todos os lugares do mundo trancados em casa, com medo.

Quando se analisam os fatos anteriores, a expectativa gerada é de um colapso descomunal e nós realmente vimos quedas absurdas de mais de 45% no Ibovespa, chegando a cair até 61.690 pontos. Mas ninguém esperava por medidas extremas para segurar a economia, países criando programas de auxílio emergencial e fomentando trilhões na economia mundial, taxas de juros das maiores economias do mundo sendo reduzidas a quase zero (EUA: 0,25% a.a.). Em outras palavras, imprimimos uma quantidade absurda de Real e injetamos diretamente na economia para tentar sanar os efeitos do lockdown.

Mas o que acontece quando você toma medidas como essas? Os mercados animam ao ponto de projetar um crescimento econômico em meio ao caos. Isso mesmo que você leu! Crescimento econômico em um país que ainda obriga bares e restaurantes a fechar cedo, em que estabelecimentos ainda devem funcionar com capacidade reduzida e o abastecimento de muitos suprimentos ainda em situação de precariedade. Mas com juros baixos e a população com auxílio emergencial no bolso, espera-se um aquecimento fortíssimo da economia cada vez mais rápido.

Fato esse que fez com que, em meio à crise pandêmica, nossa Bolsa de Valores rapidamente voltasse de patamares de anos atrás e, hoje, após todo esse colapso econômico e medidas de política monetária, estamos novamente trabalhando em patamares de preço positivo. Como se nada tivesse acontecido, teremos um crescimento econômico na nossa Bolsa de Valores com fechamento do ano de 2019 em 115.645 e fechamento dessa semana em 118.023, com mais de 2% de alta.

Isso mostra o poder que a impressão de dinheiro tem na economia. Mas a grande questão é: uma hora a conta chega e os efeitos desses atos vão chegar à tona.

Perfil – Matheus Lima, 26 anos, pós-graduando em Gestão Financeira pelo INSPER, analista CNPI-T, investidor na Bolsa de Valores e encarregado geral das análises gráficas e recomendações de ações da empresa Top Gain, que oferece diferentes treinamentos para quem quer aprender a investir no mercado financeiro.