EXPECTATIVAS

Ilaine Henz aponta os principais desafios econômicos entre Brasil e Guiana para os próximos anos

Empresária e gestora pública foi eleita na última semana como presidente da Câmara de Comércio Brasil-Guiana

Ilaine Henz durante entrevista ao Agenda da Semana (Foto: Rádio Folha)
Ilaine Henz durante entrevista ao Agenda da Semana (Foto: Rádio Folha)

Chamada pelo ex-ministro da Economia brasileira de “Dubai” da América, a Guiana vê-se a subir os patamares econômicos desde o início da exploração de petróleo, em 2019, e passou a atrair olhares para investimentos, principalmente de empresários roraimenses.

Tornar este processo mais ágil e fácil é o desafio da nova gestão da Câmara de Comércio Brasil-Guiana, presidido por Ilaine Heinz, convidada pelo apresentador Dr. Getúlio Cruz a participar do programa Agenda da Semana deste domingo (21) para falar sobre os principais desafios deste processo comercial.

Ilaine é empresária, formada em Gestão Pública, paranaense e filha de produtores rurais gaúchos, mas que residem em Roraima há anos, principalmente no Sul do estado. Nesta semana foi eleita a nova presidente da Câmara de Comércio. Com experiência em investimentos internacionais, ocasião destacada por ela mesmo durante a entrevista, ressaltou a necessidade de estreitamento de laços, da boa vontade dos dois Países em encurtar o caminho econômico e da exploração de novas oportunidades a partir do Porto de Águas Profundas, principalmente atender o Caribe.

As principais pautas da conversa versaram sobre o Acordo Bilateral de Transporte de Cargas e de Passageiros, iniciado em 2019, mas ainda em fase de finalização. Conforme explicou Ilaine, falta a implementação deste acordo, pois não há assinatura entre as operadoras de seguro, tanto do Brasil, quanto da Guiana.

“Para que o acordo seja efetivado, precisamos fazer uma assinatura com uma seguradora brasileira e uma guianense. Do ponto de vista da Guiana, a Associação de Seguros de lá quer fazer esse acordo desde 2019, mas infelizmente as seguradoras do brasil não querem fazer esse acordo. Depende muito mais de nós aqui, porque a boa vontade de lá é grande”, mas Ilaine explicou as principais preocupações das seguradoras brasileiras, entre elas estão as más condições das estradas e o volume de negócios.

Ainda conforme a presidente da Câmara, em conversa com representantes da Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT), a instituição colocou outras opções que vão além do Acordo Bilateral, seria o modelo utilizado nas fronteiras como Argentina e Paraguai, por exemplo.

“Se não conseguirmos fazer um acordo com as seguradoras do Brasil e da Guiana, de nós fazermos o modelo Brasil-Paraguai, Brasil-Argentina, Brasil-Venezuela, onde você chega na fronteira e compra seu seguro e vice-versa” e disse que a finalização deste acordo é a prioridade da Câmara de Comércio brasileira.

Caricom

A ida do presidente Lula à Guiana em fevereiro deste ano para participar da 46ª Cúpula de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom), na visão de Ilaine foi positiva. “Boa vontade política resolve muita coisa”.

Contudo, Ilaine e dr. Getúlio Cruz destacaram um ponto que tem chamado a atenção de quem precisa atravessar a fronteira com carga. De acordo com Cruz, o governo guianense tem permitido a passagem de veículos brasileiros até Georgetown (capital), diferente do lado brasileiro. “Fomos cobrados na reunião sobre essa reciprocidade do processo”, disse Ilaine.

Ela antecipou a previsão de uma visita de comitiva técnica da ANTT para o fim do mês de abril, em viagem pelas estradas do país vizinho com intuito de analisar as condições e infraestruturas disponíveis ao longo da rodovia.

“Quero aproveitar para falar da integração. Os negócios acontecem nessa ida e vinda de pessoas, assim como a gente consegue observar os guianenses circulando em Boa Vista, quem vai a Georgetown encontra muitos brasileiros por lá também”, salientou.

Mesmo com mercado e poder aquisitivo em expansão, a Guiana carece de mão de obra técnica. E essa deficiência é um dos diversos desafios a serem enfrentados por quem pretende investir no país vizinho.

“Empreender no nosso país não é fácil e quando a gente pensa em empreender em outro país que não fala a nossa língua, que não tem a nossa legislação, não tem o nosso Código Tributário, que tem uma cultura diferente da nossa, é preciso ter muita cautela”, alertou Ilaine, com outros pontos em destaque. “O investimento não é barato, é preciso se preparar para isso”.

A aproveitou para deixar as portas abertas da Câmara de Comércio Brasil-Guiana a quem tem interesse em buscar orientação, auxílio, no que tange empreender neste eixo. “A ideia é fomentar negócios, integrar a região. Um dos desafios que os empreendedores reclamam é a transação financeira. Terá que tirar CPF local, abertura de conta […] se estiver alguma dúvida, orientação, apoio, mostrar com quem conversar e em breve teremos assistência, ouvidoria”.

A Câmara de Comércio Brasil-Guiana funciona na sede da Associação Comercial de Roraima, localizada na avenida Jaime Brasil, no Centro de Boa Vista, com cerca de 100 empresários vinculados.