A popularização das apostas online e a sanção da nova Lei das Apostas em 2018 no Brasil suscitou novas possibilidades aos apostadores no país. Não é à toa que já há vários comentando sobre a possibilidade de se tornarem apostadores profissionais e viverem apenas de apostas. Os apostadores e as
casas de apostas futebol brasileiro
estão
em ebulição.
Fora do Brasil, aliás, “apostador” já é sinônimo de profissão ou emprego. Japão e Reino Unido são um exemplo disso. Os motivos para isso são vários: comodidade, praticidade, diversão e baixo custo de investimento inicial versus a possibilidade de ganho a longo prazo.
Frustração com o mercado de trabalho atual leva jovens às apostas
Os riscos são apenas um detalhe para a parcela mais jovem dos novos apostadores. Os chamados millenials não se submetem a empregos por muito tempo, principalmente se são exaustivos. Muitos preferem correr riscos financeiros e profissionais a tomar as atitudes submissas
aos pais e avós.
Thiago Rocha, ex-professor da rede pública de São Paulo, é um exemplo. Há três anos, ele vive de apostas em sites estrangeiros, mas agora pretende transferir todo seu “negócio” para as empresas regulamentadas no Brasil. Sua rotina é, basicamente, acompanhar jogos de futebol e analisar estatísticas.
Para ele, apostar é profissão – chamada trader (veja mais abaixo). “Eu faço isso da vida e não deixo de dizer para ninguém. É como investidores que trabalham com ações da Bolsa de Valores. Eles passam o dia todo em casa, na frente do computador, observando o vai e vem dos preços das mercadorias em que eles apostaram”, diz.
“A diferença é que eu faço isso com jogos de futebol, de vôlei, de basquete”, completa.
Segundo ele, um dos erros mais básicos dos apostadores iniciantes é basear seus jogos apenas em estatísticas. “O segredo é analisar partida por partida, respeitando o histórico de cada equipe. As estatísticas são úteis para dar um panorama geral de como conduzir suas apostas. Estudar todo o resto é o que definirá a ação correta”.
Os
millennials
se interessam acima de tudo por diversão e por satisfação pessoal, algo que as apostas esportivas online oferecem de sobra.
Eles podem sentar-se na poltrona da sala de casa, acessar o aplicativo da casa de apostas de sua preferência, dar um palpite no próximo jogo do Brasileirão e aguardar pelo resultado. Sem chefe pegando no pé, sem colegas insuportáveis. É só seus stakes, sua paixão por apostas e por esportes e pronto.
Conhecimento é poder no mundo das apostas
Engana-se quem pensa que essa ideia de viver de apostas esportivas se baseia apenas em gostar de basquete ou de futebol. Isso não é suficiente. Por essa razão, os apostadores que querem viver disso estão se profissionalizando.
Mas o que significa se profissionalizar nessa área?
O estudo é o principal passo dado pelos apostadores. Um profissional das apostas foca-se em apenas um esporte e em apenas uma ou duas competições dessa modalidade.
Estudar todas as regras do esporte é fundamental. Em relação ao futebol, por exemplo, é preciso conhecer o sistema de pontos, o sistema de vitórias e de derrota, além de entender que há chances de haver empate.
É diferente do que apostar em MMA, por exemplo, em que não há empate. Um lado sempre vence, seja por ponto, seja por K.O.
Os apostadores profissionais ainda estudam os prognósticos, os números e todas as estatísticas de uma competição. É importante saber se determinado time vence mais em casa do que fora e quem é a zebra da competição. Todas as informações importam.
Os traders esportivos são outra possibilidade
Há um tipo bem específico de apostador profissional que está surgindo no mercado: o trader esportivo. Um trader é como se fosse um profissional da bolsa de valores. Aliás, ele trabalha na Bolsa, mas na de apostas.
Sua função é passar os dias estudando os prognósticos e informações de uma bolsa de apostas para fazer um palpite certeiro. Os lucros são absurdos, segundo alguns sites. Há traders que faturam cerca de R$ 10 mil reais por mês.
Ainda que viver de apostas seja arriscado, já há muitas pessoas pensando nessa possibilidade. “A discussão em relação aos jogos de apostas virtuais é de onde está a banca, ou seja, onde você aposta seu dinheiro. Isso porque existem diversos sites de apostas mundiais onde brasileiros ou gente de todo mundo joga”, disse o advogado criminalista Jair Jaloreto ao UOL.
Há ainda casos em que as empresas podem até mesmo não pagar aos apostadores: aconteceu em 2017, por exemplo, quando um número surpreendente de oito times jogando fora de casa venceram seus adversários em uma rodada com dez jogos. Era tanta gente para pagar que algumas empresas admitiram que não tinham o dinheiro. “Essa rodada específica gerou premiações muito altas, e os apostadores ficaram sem receber”, finalizou Pedro Tengrouse, professor da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo, ao Estadão.