A Suprema Corte do Reino Unido determinou nessa sexta-feira, dia 19 que motoristas da Uber serão classificados como trabalhadores e, por isso, terão direito a salário mínimo e férias pagas.
A decisão provém de uma ação judicial movida por dois ex-motoristas do aplicativo – que depois foi ampliado para 25 – na justiça do trabalho britânica em 2016.
A decisão da corte britânica aponta cinco razões pelas quais os motoristas da Uber devem ser classificados como trabalhadores e não como contratados autônomos.
O primeiro ponto é que como o próprio condutor não pode definir o valor das corridas que ele faz – já que isso fica a cargo da Uber – logo, a empresa pode ser considerada o verdadeiro empregador do motorista.
O segundo ponto levantado pela Suprema Corte afirma que é a Uber quem define os termos do contrato entre passageiros e motoristas através de seu aplicativo.
Já o terceiro ponto levantado pelos magistrados dá conta de que a empresa restringe aos condutores a autonomia de aceitar ou recusar viagens, já que eles são penalizados caso o façam com frequência. Com isso, entende-se que a Uber seria o empregador que estipula as regras na relação trabalhista.
O quarto ponto que tornaria o Uber um empregador padrão é que a empresa penaliza ou impede o uso do seu app aos motoristas que não mantêm uma classificação suficientemente alta, outro ato que determina a relação patrão-empregado.
Por fim, no quinto e último ponto levantado pela corte, a Uber restringe a quantidade de comunicação entre condutores e passageiros, algo que não seria normalizado se os profissionais estivessem, realmente, trabalhando como auônomos, como defende a empresa.
“A Suprema Corte rejeitou por unanimidade o recurso da Uber. A legislação visa dar certas proteções a indivíduos vulneráveis que têm pouco ou nada a dizer sobre seu salário e condições de trabalho”, declarou o juiz George Leggatt, nesta sexta-feira.
É importante citar que um total de 25 motoristas fez parte do caso e a Uber disse que o veredicto não se aplica a todos os seus atuais 60.000 motoristas na Grã-Bretanha, incluindo 45.000 em Londres, um de seus mercados globais mais importantes.
Uber apelará da decisão
Ainda que a rejeição da Suprema Corte venha de um recurso do caso apresentado pela Uber, é fato que o departamento jurídico da empresa vai recorrer mais uma vez da decisão, contestando seu escopo e relevância aos motoristas britânicos. A companhia afirma que as suas próprias regras mudaram drasticamente desde que o caso foi apresentado em 2016.
Tanto que, em comunicado, Jamie Heywood, gerente regional da Uber para o Norte e Leste da Europa afirma que:
“Respeitamos a decisão do Tribunal que se concentrou em um pequeno número de motoristas que usaram o aplicativo Uber em 2016. Desde então, fizemos algumas mudanças significativas em nosso negócio, guiados por motoristas em cada etapa do caminho. Estamos empenhados em fazer mais e agora consultaremos todos os condutores ativos em todo o Reino Unido para compreender as mudanças que desejam ver”
Além disso, ainda pode levar vários meses para que os detalhes da decisão de sexta-feira sejam trabalhados em uma nova audiência no tribunal trabalhista para resolver os aspectos práticos das somas devidas aos motoristas envolvidos no caso. Segundo o escritório de advocacia Leigh Day, que liderou a ação movida, os condutores qualificados podem ter direito a uma compensação média de 12 mil libras (R$ 90,9 mil). Além disso, a firma representa mais de 2.000 requerentes em potencial em casos semelhantes contra a Uber.
Fonte:canaltech