A autônoma Francisca da Silva Santos de 47 anos, faz parte das 85 mil famílias que possuem algum tipo de dívida no estado de Roraima. A moradora do bairro Cinturão Verde relatou que sobrevivia da venda de espetinhos, mas que com a chegada da pandemia precisou suspender o trabalho, passando a viver da ajuda dos filhos. Ela disse que não consegue mais administrar as contas de casa e elas foram acumulando.
“Com a crise da pandemia as vendas nas ruas ficaram totalmente inviáveis e fui obrigada a parar meu trabalho. Logo em seguida, fui acometida de câncer na tireoide e tive que passar por uma cirurgia, o que acabou piorando ainda mais a minha situação, pois o processo de recuperação é lento e até hoje não consegui me recuperar totalmente e retornar ao trabalho. Isso me trouxe muitas dores de cabeça, cheguei ao ponto de acumular hoje mais de R$ 7 mil reais em dívidas só de energia”, contou Francisca.
Segundo os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as dívidas das famílias em Roraima voltaram a apresentar um aumento significativo no mês de novembro.
Os números do estudo analisado pela Fecomércio em Roraima, mostram que 88,1% das famílias roraimenses tinham algum tipo de dívida, sendo o maior nível de endividamento em toda a série histórica.
Para o economista da Federação do Comércio em Roraima, Fábio Martinez, “este foi o segundo aumento seguido no endividamento das famílias roraimenses, crescendo 2,1% em relação a outubro. Ao todo são mais de 85 mil famílias que possuem algum tipo de dívida, 6% delas afirmam não ter condições de parar essas dívidas”.
Ainda de acordo com a pesquisa, nota-se um crescimento significativo de 20% no número de famílias que tem dívidas com crédito pessoal, se tornando atualmente o terceiro principal tipo de dívida entre os roraimenses. O cartão de crédito, carnês e os créditos pessoais são identificados como as principais dívidas das famílias, que apresentaram uma extensão média de parcelamento de 7,7 meses, comprometendo 29,6% da renda familiar.