Imagine poder escolher de quem comprar energia elétrica, negociar o preço e ainda reduzir em até 40% o valor da conta de luz. Essa é a proposta do mercado livre de energia — um modelo que já avança em várias regiões do Brasil e que pode transformar, em breve, a realidade energética de Roraima.
Embora ainda não esteja disponível no estado, por conta da ausência de conexão plena ao Sistema Interligado Nacional (SIN), o mercado livre tem despertado o interesse de empresários locais, especialmente diante das tarifas elevadas praticadas na região. A mudança, quando for viável após o Linhão de Tucuruí — previsto para inaugurar em dezembro — promete mais economia, liberdade de escolha e acesso a fontes renováveis de energia.
Em entrevista à Folha, o sócio-diretor da Neria, do Grupo Capitale, Michel Lemos, explicou que o modelo começou nos anos 1990, voltado apenas para grandes consumidores, mas que passou por mudanças importantes nos últimos anos. Hoje, empresas com contas a partir de R$ 5 mil já podem acessar o mercado livre, antes restrito a unidades com faturas acima de R$ 60 mil.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“No mercado regulado, você é obrigado a comprar a energia da distribuidora local. Então aqui você tem a Roraima Energia, nos outros estados você tem a sua concessionária local. Lá em São Paulo é a Enel São Paulo, no Rio de Janeiro é a Light, no Ceará é a Enel Ceará. O mercado livre te permite comprar de quem você quiser e te permite negociar esse preço. E essa negociação de preço te dá uma economia na sua conta de energia, economia que pode chegar até os 40%”, exemplificou Lemos.
Leonardo Vicente, executivo de vendas também da Neria, reforçou que o mercado livre representa uma mudança de mentalidade para o setor e destacou as oportunidades que podem se abrir em Roraima. Ele destacou que o estado poderá se beneficiar com a chegada do modelo.
“É uma mudança significativa para um estado que historicamente sofre com tarifas elevadas. Além da economia, o mercado livre incentiva o uso de energia renovável. O consumidor pode optar por contratar fornecedores que geram energia a partir do sol, do vento, de pequenas centrais hidrelétricas. Isso traz também um impacto ambiental positivo”, destacou Vicente. “Roraima tem potencial para se beneficiar muito desse modelo, especialmente os setores produtivos que consomem bastante energia, como redes de supermercados, hotéis, hospitais e a própria indústria”, completou.
Notícias Relacionadas
É uma melhor alternativa?
Para quem já investiu em energia solar em Roraima, buscando economia energética, o mercado livre pode ser uma opção ainda mais vantajosa. É o que garante Michel ao comparar o mercado livre com a geração distribuída.
“Enquanto aqui não existia ou ainda não existe um mercado livre, a melhor alternativa era instalar um painel no telhado, porque você não tinha como reduzir o seu custo com energia. A partir do momento que o mercado livre entrar e você tiver que comparar as duas coisas, o mercado livre se torna a melhor opção, porque ele tem uma economia imediata. Então, do primeiro mês até o último mês do seu contrato, você terá a economia. Você não tem aquele payback para amortizar o investimento. O investimento é zero, então você não investe em nada e passa a economizar“.
Cenário futuro para o empreendedorismo em Roraima
A possibilidade de adesão ao mercado livre de energia em Roraima é vista pelos representantes como um passo importante para fomentar o empreendedorismo local e tornar o estado mais competitivo no cenário nacional.
“Hoje, o custo da energia é um dos principais fatores que inibem o investimento em Roraima. […] Quando você traz a energia como um fator de competitividade e não mais um gargalo, você atrai investimento. Então a gente acredita que isso muda completamente o panorama do estado, muda o ambiente de negócios, muda a competitividade das empresas locais”, afirmou Leonardo.
Michel também destaca o impacto positivo. “A gente acredita que o mercado livre pode ser, de fato, um impulsionador do empreendedorismo. Porque quando você reduz um custo fixo tão relevante como o da energia elétrica, você dá fôlego para o empresário.”
