Com o alto índice de desemprego entre imigrantes no Brasil, a solução, para muitos deles encontrarem seu espaço na sociedade é buscar o caminho do empreendedorismo. Dados levantados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revelam que o percentual de microempreendedores individuais (MEI’s) estrangeiros em Roraima é o maior do Brasil. Os 1.611 registros ativos de estrangeiros, representam 7,81% da totalidade de microempreendedores do Estado.
A porcentagem apresentada leva em consideração o número total de MEI’s e o número de registros feitos por MEI’s estrangeiros. Em termos de quantidade, o estado que mais apresenta microempreendedores estrangeiros no Brasil é o Paraná, com 5.994 registros ativos. No entanto, o quantitativo representa apenas 0,73% do total de MEI’s do estado. O mesmo acontece com o Amazonas, que apresenta 1.964 registros, o maior número na Região Norte, representando 1,68% do total.
O mesmo levantamento trouxe dados sobre Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) destes microempreendedores. Entre as três principais categorias estão o Comércio Varejista, Confecção de Peças de Vestiário e Atividades de Tratamento de Beleza.
O coordenador de inteligência de dados do Sebrae Roraima, Eckner Oliveira, aponta os motivos que levam a esse cenário.
“Em virtude da crise econômica, política e social na Venezuela, muitos venezuelanos buscam refúgio no Brasil. Roraima, por estar na fronteira, acaba sendo a primeira parada desses estrangeiros que buscam melhores condições de vida e o empreendedorismo por necessidade é um fator que leva ao Estado ter esse percentual de MEI’s”.
Ana de Herrera é uma microempreendedora estrangeira que chegou em Roraima há quatro anos. Hoje, além de trabalhar em um salão, ela tem seu próprio espaço onde atende suas clientes e consegue proporcionar à suas filhas uma vida digna.
“Eu trabalho na área há 16 anos e toda a situação econômica e a falta de dinheiro para alimentação me trouxeram de Ciudad Bolívar [Venezuela] para cá, em 2019. Logo que cheguei, comecei a trabalhar como manicure e fui juntando recursos para abrir meu próprio negócio. Mas minha jornada até aqui foi de muitos desafios”, conta Ana.
Ana conta que sua vinda para o Brasil não só lhe proporcionou oportunidades de vida, mas o cuidado com a saúde dela e da família.
“Hoje eu consegui me estabilizar e ter conforto meu meu lar. Mas logo que cheguei, minha filha apresentou um tumor na cabeça. Apesar das dificuldades, consegui que ela fosse operada pelo serviço público, o que não seria possível na Venezuela. Aqui também consigo tratar da minha fibromialgia, então não está nos meus planos, pelo menos agora, voltar. Estou muito feliz, graças a Deus!”, finalizou.