MERCADO DE TRABALHO

Migrantes e refugiadas concluem curso profissionalizante

A primeira edição do projeto, que incentiva o empreendedorismo feminino, chegou ao fim após seis meses de capacitação para imigrantes e refugiadas venezuelanas.

O projeto surgiu após a Hermanitos detectar que as pessoas que mais buscavam os seus serviços eram mulheres venezuelanas chefes de seus lares. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)
O projeto surgiu após a Hermanitos detectar que as pessoas que mais buscavam os seus serviços eram mulheres venezuelanas chefes de seus lares. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Nesta quinta-feira, 17, foi realizada a cerimônia de encerramento da primeira edição do projeto “Mujeres Fuertes”, que desenvolve e impulsiona o empreendedorismo entre mulheres venezuelanas no Brasil. O encontro ocorreu na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e organizações idealizadoras e apoiadoras do projeto. 

A ação estabelece atividades de empoderamento, capacitação, acompanhamento psicossocial e incentivo às iniciativas empreendedoras na área gastronômica. Ao todo, foram 50 mulheres imigrantes e refugiadas que participaram da ação.

Ana Karolina Vasconcelos, supervisora de projeto da Hermanitos, afirma que é necessário oferecer apoio aos imigrantes, principalmente às mulheres em situação de imigração forçada. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Ana Karolina Vasconcelos, supervisora de projetos da Hermanitos, explica que a implementação do Mujeres Fuertes saiu muito além do esperado. Agora, com a finalização, pode-se oferecer uma análise sobre os resultados adquiridos. 

“Agora temos os dados, que representam 50 mulheres que concluíram o projeto ao longo dos seis meses. Dessas 50 mulheres impactadas de forma direta, temos 211 pessoas que foram impactadas de forma indireta, que são as famílias, como os filhos, pais e mães”, explicou.

Foram seis meses de atividades que ofereceram suporte em diversas áreas da profissionalização. O projeto, que já está na quarta edição em Manaus, teve que ser adaptado as condições específicas que ocorriam em Boa Vista. 

“Foi necessário fazer adaptações, como a locomoção em Boa Vista. O transporte aqui se dá muito por bicicleta ou por meios locomotivos que não sejam de transporte público, então tivemos que ter algumas flexibilidades. Outra adaptação foi a necessidade de deixar as crianças na sede da ADRA para ser realizado o curso em outro lugar. Foram adaptações conforme a realidade de Boa Vista”, explicou Ana Karolina. 

Além da formação e capacitação por conteúdos, foi feito um incentivo financeiro aos empreendimentos das participantes. Após a cerimônia de encerramento, haverá o acompanhamento por três meses para analisar o desenvolvimento dos negócios. Ademais, terá a disponibilização de suporte e consultas na área de empreendimentos. 

Wideia sonha em crescer seu negócio e ser uma grande empresária, além de servir de inspiração para outras mulheres. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Wideia Desilme, uma das participantes, afirma estar confiante em ingressar no mercado de trabalho e lembra que além de oferecer apoio às mulheres empreendedoras, o projeto é uma forma de dar retorno ao país.

“Sou muito agradecida, pois foi um projeto que nos ensinou que temos o potencial de fazer o nosso melhor. Eu já estou empreendendo e acertando alguns detalhes para ativar meu MEI. Será muito importante para o Brasil, principalmente para Boa Vista, uma vez que nosso empoderamento trará retorno socioeconômico ao local”, afirmou. 

Luisa afirmou que como imigrante não esperava receber esta oportunidade e se sente muito agradecida por isso. (Nilzete Franco/Folha BV)

Já Luisa Miranda, outra participante do projeto, planeja abrir um pequeno negócio em casa. Ela afirma que o projeto foi uma oportunidade de fortalecer seu espírito lutador e se sente agradecida pela oportunidade. 

“Estamos agradecidas ao país e a todas as pessoas que fizeram nossa presença ser possível hoje. É um projeto muito importante e tem muitas pessoas participando, me faltam palavras para agradecer por todas as coisas que fizeram por nós. Nos acompanharam por seis meses, nos quais estreitamos amizades e sentimos o apoio e comprometimento em cada uma das partes, isso nos fez crescer como pessoas, como mães e mais ainda como empreendedoras”, declarou. 

Ana Karolina Vasconcelos afirma que não se pode fechar os olhos para o processo migratório e reforça que seja desenvolvido ações pela sociedade civil, governos e organizações para acolher as pessoas que passam pela imigração forçada. 

“Importante a gente também fazer algo por aqueles que não são de origem de nosso país. Estamos aqui para trazer um mínimo de qualidade de vida, principalmente para essas mulheres que vem de seus países sem nenhuma rede de apoio e não conhecem ninguém. O projeto proporciona uma rede de apoio entre elas para que consigam se ajudar ao longo de suas vidas e jornadas”, afirmou.

NOVAS EDIÇÕES

Representantes dos órgãos e organizações responsáveis pela manutenção do projeto Mujeres Fuertes. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

O projeto “Mujeres Fuertes”, que está na sua primeira edição, já está idealizando a segunda edição. A previsão é que a partir de outubro já esteja acontecendo, mas no momento ainda está em fase de planejamento junto aos parceiros do projeto. 

O projeto é executado pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) de Roraima, com a coordenação da Organização da Sociedade Civil (OSC) Hermanitos, com recursos oriundos de reversão trabalhista do Ministério Público do Trabalho (MPT). O projeto tem apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), ONU Mulheres, Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (TRT 11º Região) e Operação Acolhida, do Exército.